A vivência transexual é marcada por conflitos com as normas de inteligibilidade entre sexo e gênero, que geram exclusão social e violência, de formas diferentes entre homens e mulheres trans. No entanto, a grande maioria dos estudos transexuais referem-se especificamente a mulheres trans e travestis, ou generalizam a transexualidade a partir de experiências transfemininas, da mesma forma que os estudos de masculinidade também negligenciam a masculinidade transexual – o que é confirmado por Ávila (2014), Teixeira (2009), Gottzén e Straube (2017) e Rubin (2003). Historicamente existe uma tendência de patologização da transexualidade, principalmente nas áreas biomédicas, neste caso, o que é considerado normal e patológico acaba sendo definido por papéis normativos de gênero, formatados por relações de poder e biopoder. Dessa forma, o presente estudo investiga práticas de gênero de homens transexuais relacionadas com estruturas de poder e biopoder que normatizam padrões de masculinidade. Para isso, por meio de uma epistemologia feminista do conhecimento, o percurso metodológico escolhido considera a metodologia etnosociológica de Bertaux (1997), utilizando a técnica de narrativas de vida. Assim, foram entrevistados quatro homens transexuais que moram na cidade de Teresina, estado do Piauí. A análise dos dados obtidos tem como base teorias de gênero, masculinidade e transexualidade. A organização da análise de dados será feita articulando as quatro entrevistas, elencando grandes temas como o autorreconhecimento como homem transexual; a socialização como homem transexual – família, escola, trabalho, relacionamentos; limites e possibilidades das instituições biomédico-jurídicas e ser homem transexual em Teresina - Piauí (Brasil).