Identidades juvenis em trânsitos migratórios para o trabalho na construção civil em São Paulo: um estudo sobre a localidade São Mateus, Castelo do Paiuí.
Identidades. Juventudes Rurais. Migrações.
RESUMO
Pesquisa realizada na Localidade Rural São Mateus, município de Castelo do Piauí, que tem como objetivo central compreender as identidades juvenis rurais na contemporaneidade a partir de processos sociais desencadeados pela migração ocorrida em contextos de relações locais/globais e pelas trocas rurais/urbanas. Como ancoragem teórica tem-se a ideia de que as identidades são configuradas e reconfiguradas no tempo/espaço, são relacionais e resultantes de trocas materiais e simbólicas no âmbito das interculturalidades e que as juventudes são realidades a serem analisadas em perspectivas múltiplas que englobam aspectos como classe, moratória vital e social, geração, gênero, raça/etnia. As migrações são tomadas enquanto processos sociais verificados na história social e cultural do nordeste brasileiro, em especial, junto aos segmentos rurais, como estratégia de reprodução material e simbólica, bem como de construção de um lugar identitário juvenil. Também efetivadas a partir das redes sociais construídas e alimentadas pelos sujeitos em pauta. Tem-se com subsídio epistemológico o método etnográfico, compreendendo-o como capaz de apreensão das complexidades que envolvem o campo pesquisado e seus diversos sujeitos, relações, tempos, espaços, trocas e negociações. Como recursos metodológicos tem-se o diário de campo, a fotografia, o vídeo, as entrevistas grupais e individuais acionadas no tempo dos sujeitos e das realidades locais, os novos ambientes. As análises para a compreensão de que os jovens encontram a ‘metrópole’, com diferenças culturais que põem desafios diários para a codificação da nova realidade. É um novo espaço-tempo da casa, da rua, do trabalho, do lazer. O novo que os interpela e as alteridades encontradas lhes provocam uma ‘antropofagia’ dos códigos ancestrais e, ao mesmo tempo, a busca de alinhamento aos códigos ora hegemônicos, até que façam o retorno ao local de origem novamente, onde estabelecem relações sociais a partir de identidades refeitas,combinadas,estratégicas. Esse movimento faz do corredor migratório um espaço de geração de identidades múltiplas, cambiantes, as quais costuram a trajetória dos sujeitos a espaços, tempos e contextos variados e cambiantes.