As mulheres negras são a maioria em taxas de desemprego e ocupam maior espaço em empregos precários e no mercado informal. Parte de um racismo estrutural e institucional, a segregação das mulheres negras nas entrevistas de emprego já começa na aparência física, antes mesmo da análise do currículo. Tem ocorrido a substituição dos termos “pessoas bonitas” por “harmonização facial” por recrutadores e pessoas ligadas a processos de RH (recursos humanos) de empresas privadas, preferências que na verdade mostram traços de racismo, LGBTfobia e machismo por parte dos recrutadores. Enquanto isso, as mulheres negras continuam liderando as estatisticas de desemprego, baixos salários e precariedade no mercado de trabalho. As cotas raciais implantadas nas universidades públicas, tem como objetivo proporcionar uma mobilidade social para a juventude negra, principalmente economicamente, uma forma de diminuir a desigualdade social. É preciso questionar se esse objetivo é garantido. Qual o impacto que as políticas de ação afirmativa, na modalidade de cotas étnico- raciais, exercem nos processos de mobilidade social ascendente de mulheres negras egressas da Universidade Federal do Piauí a partir de uma abordagem interseccional? Esse trabalho tem como objetivo buscar responder à pergunta principal de analisar como as mulheres negras cotistas egressas estão, principalmente economicamente, após a saída da universidade. No entanto, a partir da pergunta principal será possível chegar a novos questionamentos. As cotas são suficientes para garantir o acesso ao mercado de trabalho? A partir de uma abordagem qualitativa, a pergunta principal de pesquisa busca ouvir e fazer um levantamento da história de mulheres formadas pela UFPI (Universidade Federal do Piauí) que ingressaram através do sistema de cotas raciais, sobre sua situação econômica e profissional após egresso do ensino superior.