Memória e patrimônio arqueológico: vozes sertanejas na área do Parque Nacional Serra da Capivara
Memória. Arqueologia. Patrimônio.
Este trabalho tem como objetivo discutir a valorização e visibilidade da memória de sertanejos da área do Parque Nacional Serra da Capivara em relação aos seus espaços e o patrimônio arqueológico. A partir da década 1970 a região ganhou destaque no cenário nacional por conta da grande quantidade de sítios arqueológicos descobertos e pesquisados pela Missão Franco Brasileira. Com a instalação do Parque Nacional Serra da Capivara, o processo de desapropriação gerou uma situação de conflito entre instituições gestoras do Parque e as comunidades tradicionais em vista de práticas culturais cotidianas que “ameaçavam a preservação do patrimônio arqueológico”. Apesar de a área ser pesquisada há mais de quarenta anos, existe uma lacuna de pesquisas sobre a memória das comunidades tradicionais que ocupam a região. Partindo desta perspectiva levantamos o problema: qual a relação de memória das comunidades do entorno do Parque Nacional Serra da Capivara com o patrimônio arqueológico e com o PARNA? Como se pode estabelecer uma valoração simétrica em relação à memória das pessoas daquela região e a conservação dos espaços arqueológicos? Para responder estas questões propostas estruturamos nossa metodologia no campo da história oral temática, concentrando a pesquisa nas comunidades Sítio Mocó e Novo Zabelê onde entrevistamos três tipos de sujeitos: sertanejos das comunidades tradicionais, sujeitos que participaram de ações sócioeducativas e pesquisadores. Como resultado foi possível construir um histórico das comunidades, apresentar as ações socioeducativas e, a partir disto, propomos como alternativa para as comunidades Sítio Mocó e Novo Zabelê uma preservação pautada na noção de custodia tradicional e etnomanejo.