GEOARQUEOLOGIA NO LITORAL DO PIAUÍ: PENSANDO OS PROCESSOS FORMATIVOS DE UM SÍTIO SOBRE DUNAS
Geoarqueologia; Processos Formativos; Litoral do Piauí; História Indígena.
Este trabalho tem como propósito principal repensar os processos envolvidos na formação do registro arqueológico (WATERS, 1992, STEIN, 1992, 2001; RAPP & HILL, 1998; GOLDBERG & MACPHAIL, 2006; CALIPPO, 2010) dos sítios do litoral do Piauí e, a partir daí, estabelecer um outro modo de se compreender o contexto arqueológico dessa região. A partir dessa perspectiva procurou-se identificar e analisar evidências arqueológicas e geoarqueológicas que fossem capazes de fundamentar novas reflexões a respeito do contexto sociocultural que se formou a partir da interação entre o nativo e o colono (KENT LIGHTFOOT, 1995; FUNARI et. al., 1999) na costa do Piauí, durante o período inicial do processo de colonização europeia. Para a realização de tais análises foram adotados, principalmente, os conceitos de “temporalidade” de Tim Ingold (1993, 2000) e as perspectivas da Arqueologia Pluralista de Kent Lightfoot (1995). Com base nessas propostas e no estudo do sítio arqueológico Três Marias, propõe-se que o contexto arqueológico do litoral do Piauí, relativo a esses primeiros momentos, não pode ser unicamente explicado a partir da perspectiva da abundância dos recursos costeiros. O estudo desse sítio aponta que a ocupação de certos pontos da costa foi também fortemente influenciada pela importância estratégica que tais estrutura garantiriam às populações nativas. No sítio Três Marias, os vestígio arqueológicos encontrarem-se depositados sobre dunas de marcado destaque na paisagem (e não distribuídos ao longo da coluna sedimentar dessa feição costeira). Este registro nos leva a crer que, ao permanecerem sobre as dunas, os indivíduos poderiam estabelecer um melhor controle visual sobre a região costeira adjacente e, se necessário, mostrarem-se ao invasor, tornando claro que aquele território era ocupado.