A tese versa sobre a territorialidade historicamente construída pelas comunidades quilombolas no Território dos Cocais, norte do Estado do Piauí. São 08 comunidades distribuídas nos municípios de Batalha, Campo Largo e Esperantina. Inseridas numa paisagem vegetal de transição entre a caatinga e o cerrado, com feições marcadas pelas palmeiras de babaçuais (Attalea speciosa) e carnaubais (Copernicia prunifera) com as quais estabelecem uma relação de sociobiodiversidade. Apesar do direito a terra, adquiridos na Constituição Federal de 1988, destas, apenas a Comunidade Olho D’Água dos Negros conquistou a titulação de terras. As demais comunidades continuam enfrentando problemas relacionados ao acesso e uso da terra, e aos recursos da biodiversidade local. Nesse contexto, analisou-se a comunidade Vereda dos Anacletos, situada no município de Esperantina, certificada como Comunidade Quilombola pela Fundação Palmares, tem sua territorialidade marcada pelo sentimento de pertencimento e identidade com o lugar, entretanto foram gradativamente perdendo as terras que abrangiam a comunidade em sua formação inicial. Esta pesquisa buscou compreender o conceito de territorialidade construídos nas comunidades quilombolas do Território dos Cocais, levando em conta a organização socioprodutiva e a identidade territorial historicamente construída, com ênfase para a Comunidade Vereda dos Anacletos. Especificamente objetivou-se analisar a organização socioprodutiva a partir da identificação das formas de acesso e uso da terra e a inserção das políticas públicas voltadas para as comunidades quilombolas; espacializar a relação de sociobiodiversidade local com conservação geoambiental na comunidade Vereda dos Anacletos; compreender a delimitação do território desta comunidade a partir das relações de poder construída historicamente pelos . A metodologia contemplou consultas a fontes de dados secundárias (IBGE; Planos de Desenvolvimento Sustentáveis realizados nas comunidades quilombolas do Território dos Cocais-EMATER/MDA; Cadastro Ambiental Rural). Quanto as técnicas de coleta de dados primários foram aplicados 22 formulários com trabalhadores rurais da comunidade ; entrevistas e mapeamento participativo com agricultores. Constatou-se que existe um conflito de uso e de propriedade, uma vez que na Comunidade Vereda dos Anacletos, uma vez que 70% dos agricultores trabalham em terras arrendadas, em propriedades que historicamente estão ligadas a suas territorialidades. A sociobiodiversidade da carnaúba é centrada na palha e no pó da carnaúba, porém geram pouca renda para os moradores da comunidade, em função a concentração de terra que dificulta o acesso aos carnaubais. O território da Comunidade Vereda dos Anacletos é fragmentado, os moradores perderam o acesso a terra e a espaços que representam sua identidade territorial. A população é detentora de conhecimentos da biodiversidade local e do geoambient que possibilita práticas de conservação ambiental, porém há uma desarticulação comunitária em prol de buscar inserção em políticas e programa que fortaleça a organização produtiva na comunidade. O fortalecimento do espaço produtivo da Comunidade Vereda dos Anacletos necessita, além do acesso a terra, a políticas quilombolas de desenvolvimento rural que levem em conta a aptidão do território, e o modo de vida local.