As mulheres quebradeiras de coco babaçu tem, ao longo do tempo, procurado manter a atividade extrativista do coco, acessando espaços e direitos, por meio da ativação de uma identidade étnica. Sob a simbologia da palmeira babaçu como mãe, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) – atuante no Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins – desde os anos 90, tem ressignificado conceitos e criado formas próprias de luta e resistência que, particularmente, interseccionam gênero, raça e meio ambiente. Repensando territorialidades como espaços de poder, esse movimento social, protagonizado por mulheres de raças e etnias diversas, tem se mostrado capaz de reorientar ou mesmo criar instrumentos legais de proteção territorial e ambiental a partir do uso político do seu conhecimento tradicional. Nesse contexto, esta pesquisa tem o objetivo de compreender como o conhecimento tradicional das mulheres quebradeiras de coco babaçu do Piauí tem sido utilizado de forma política, observando as possibilidades desta organização sociopolítica apontar formas mais sustentáveis, justas e democráticas de gerir territórios. Trata-se de uma pesquisa exploratória e histórica, onde será privilegiada a abordagem qualitativa, por meio de entrevistas semiestruturadas, observação posicionada e diário de campo. A análise dos dados se deu de forma concomitante à coleta e análise dos discursos. Esperamos, assim, contribuir para a reflexão sobre como os saberes tradicionais, dentro de um contexto de objetivação do discurso, estão sendo utilizados como instrumentos de luta por direitos rompendo com o saber colonizador e propondo novas formas de pensar, elaborar leis e proteger seus territórios.