O extrativismo de plantas, como a Taboa (Typha L.), no Piauí, pode promover o desenvolvimento sustentável e reduzir a pobreza local. A coleta sustentável da Taboa gera renda para as comunidades, valorizando produtos artesanais e conhecimentos tradicionais. Com apoio em capacitação técnica e acesso a mercados, essa atividade pode fortalecer a economia local e contribuir para a preservação ambiental, tornando-se uma estratégia viável de desenvolvimento regional. O objetivo deste estudo foi investigar a exploração e utilização da Typha no litoral do Piauí, Brasil. Em toda a faixa litorânea, foram selecionadas todas as residências, mercados, feiras e lojas de artesanato que confeccionavam e/ou comercializavam produtos de Taboa, realizando-se entrevistas com extrativistas, artesãos, atravessadores e comerciantes de artesanato (n = 86), utilizando formulários semiestruturados. O extrativismo da Taboa é realizado com práticas conservacionistas, visando à conservação das plantas mesmo em ambientes com alta proliferação vegetal, assegurando a manutenção das espécies. Diversas partes da planta, como a lâmina foliar e o rizoma, são empregadas na confecção de itens domésticos e culturais. Observa-se uma diferenciação no uso entre áreas urbanas e rurais, com destaque para a produção de artesanato nas áreas urbanas e de utensílios domésticos e materiais de construção nas áreas rurais. Os feixes de folhas de Taboa, coletados nas lagoas litorâneas (com um volume médio de 8.550 por ano) ou comercializados como folhas trançadas, representam um Arranjo Produtivo Local (APL). Esse processo envolve a organização parcial dos agentes econômicos, geração de emprego e renda, uso de mão de obra familiar, baixo emprego de tecnologia na coleta e na confecção do artesanato, além de cooperação entre os envolvidos. No entanto, os APLs de Typha no litoral do Piauí não são eficientes devido aos baixos lucros entre os agentes econômicos. Os entrevistados têm uma compreensão superficial sobre a ecologia das espécies, com a maioria (81,42%) acreditando que a planta se reproduz intensamente sem causar danos significativos às lagoas locais. Os danos ocasionados estão associados à redução da incidência de raios solares na água (27,11%), perda de acesso aos corpos hídricos (10,46%), dificuldades na pesca (8,13%) e impedimento do crescimento de outras plantas (3,48%). Os benefícios citados foram abrigo para animais (56,73%), despoluição (30,37%) e forragem (9,42%). O artesanato é importante para as mulheres da comunidade, sendo que a maioria (76,72%) se dedica a essa prática, enquanto uma minoria (23,28%) está envolvida no extrativismo. Elas residem na região e vendem suas peças localmente, destacando a relevância econômica e cultural do trabalho artesanal. Para a maioria das mulheres, o artesanato é uma fonte de satisfação, fortalecendo suas comunidades tanto economicamente quanto socialmente. Uma revisão da literatura recente sobre a espécie revelou 172 documentos, dos quais 155 foram classificados como literatura primária, 15 como literatura secundária e dois como revisão de literatura. Destaca-se a importância de promover práticas sustentáveis e capacitar os dependentes de recursos naturais, como extrativistas e artesãos. A colaboração entre governos, empresas e sociedade civil é essencial para promover um desenvolvimento equitativo e sustentável, que considere tanto as necessidades humanas quanto a conservação ambiental.