A água é um recurso indispensável para a sobrevivência humana, o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade ambiental e desempenha um importante papel em atividades produtivas, como a agricultura e a indústria. No entanto, o semiárido nordestino, especialmente o Território do Vale do Guaribas, enfrenta grandes desafios quanto à disponibilidade e gestão hídrica. A má distribuição e a gestão ineficaz dos recursos hídricos geram uma crise marcada pela escassez de água em quantidade e qualidade suficientes para atender, tanto às necessidades da população quanto às exigências ambientais. Essa situação é particularmente severa no Território do Vale do Guaribas, caracterizada por períodos frequentes e prolongados de seca, que impactam diretamente à agricultura, comprometem o abastecimento de água para consumo humano e intensificam as condições de vulnerabilidade socioeconômica da população local. Com este estudo busca-se analisar, de forma integrada, a vulnerabilidade socioambiental no território do Vale do Guaribas, com ênfase nos impactos da restrição hídrica nas esferas social, econômica e ambiental. A metodologia incluiu revisão bibliográfica, focada nos aspectos da crise hídrica e nos desafios enfrentados na gestão de bacias hidrográficas no semiárido, para embasar e subsidiar as discussões. O estudo possui uma abordagem metodológica mista, combinando métodos qualitativos e quantitativos. Foi realizado levantamento de dados secundários, sobre indicadores de escassez hídrica, como a disponibilidade de água e a utilização de práticas de gestão dos recursos hídricos, disponíveis em bases de dados oficiais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Agência Nacional de Águas (ANA). Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com moradores de oito municípios do Vale do Guaribas, incluindo Sussuapara, São João da Canabrava, São Luís do Piauí, Paquetá, Mosenhor Hipólito, Pio IX, Santo Antônio de Lisboa e Alagoinha, visando captar as percepções locais sobre o acesso à água e os desafios cotidianos enfrentados pela população. Para destacar as áreas mais afetadas pela escassez de água, foram utilizados arquivos vetoriais (Shapefiles) de malhas municipais e estaduais do IBGE e da ANA, processados no software QGIS (versão 3.32.3) com ferramentas de recorte e dissolução. Os mapas foram produzidos com base no Sistema de Referência Geocêntrico para as Américas (SIRGAS 2000). Foi constatado que a distribuição de água no Vale do Guaribas é irregular, deixando muitas áreas sem acesso adequado a este recurso. Embora, tenham sido adotadas medidas como a instalação de cisternas e a perfuração de poços artesianos, para amenizar a escassez, essas soluções não tem conseguido suprir a demanda da população local. Em períodos de seca prolongada, o abastecimento torna-se, ainda, mais precário, deixando diversas comunidades sem água suficiente para consumo e atividades agrícolas, o que agrava a vulnerabilidade socioeconômica da região. A falta de integração entre políticas públicas e ações de gestão, entre outras questões, pode contribuir para a persistência da vulnerabilidade hídrica. Dessa forma, é essencial a implementação de ações integradas e sustentáveis, que assegurem o acesso equitativo e contínuo à água de qualidade, promovendo a segurança hídrica para as comunidades do semiárido nordestino.