As plantas e os fungos estão presentes ao longo da história da vida humana, sendo utilizados para fins diversificados. Objetivou-se com este estudo, avaliar os saberes etnomicológicos e etnobotânicos no ambiente natural, por comunidades rurais em região semiárida do nordeste brasileiro, buscando-se conhecer a percepção dominante dos moradores quanto aos macromicetos e plantas fungicidas, bem como a composição de metabólicos bioativos produzidos pelas espécies conhecidas e utilizadas pelos residentes das comunidades. Realizou-se 176 entrevistas, com 99 participantes do sexo feminino e 77, do masculino, por meio de formulários semiestruturado. Utilizou-se a técnica “turnê-guiada”, envolvendo informantes-chave para as coletas micológicas e botânica. O material biológico coletado foi identificado e incorporado ao Herbário Graziela Barroso (TEPB) da Universidade Federal do Piauí (UFPI), em que todas as informações foram submetidas a análise qualitativa e quantitativa, utilizando-se o Índice de Similaridade de Sorensen por meio do software NTSYSpc v.2.10t. Também, determinou-se o índice Valor do Uso (VU) e Índice de Importância Relativa (IR). Para os fungos úteis, foram citados quatro macromicetos com uso atual e potencial na categoria medicina, pertencentes às famílias Agaricaceae [Podaxis pistillaris (L.) Fr.], Hymenochaetaceae [(Fomitiporia sp)], Polyporaceae [Hexagonia hydnoides (Sw.) M. Fidalgo e Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill]. O maior VU atual e potencial e a maior importância cultural foram apresentados por P. sanguineus. O conhecimento dos macromicetos medicinais está mais presente no gênero feminino na faixa etária adulta. Para as plantas fungicidas, obtiveram-se 175 citações, com identificação de 36 espécies, distribuídas em 24 famílias e 35 gêneros, sendo as famílias mais representada pelas espécies Euphorbiaceae (4), Solanaceae (3), Anacardiaceae, Asclepiadaceae e Cucurbitaceae (2 cada). Das espécies citadas, 84% são indicadas para tratamento de micoses em seres humanos, 10% para animais domésticos e 6% para controle de pragas. Do total destas espécies, 54% são nativas da Caatinga e a parte da planta mais usada é a folha (54%). Sobre o conhecimento das plantas fungicidas, verificou-se que há diferença no número de espécies entre as comunidades, sendo Tamboril e Capim as mais similares. Quanto ao uso medicinal dos macromicetos e das plantas fungicidas, existem saberes relevantes acumulados pelas populações que habitam a região Nordeste do Brasil, com potencial interesse para a medicina humana e veterinária, que ainda não se encontram integrados ao acervo do etnoconhecimento e nem explorados pelo meio científico