O aumento na produtividade agrícola, motivado, principalmente, pela busca do acúmulo de capital, vem mudando o cenário no meio rural. A partir de pesquisas realizadas no Cerrado piauiense, bem como o baixo preço das terras, foi possível introduzir o cultivo de culturas em larga escala, as quais possibilitaram a implantação e crescimento do agronegócio nesse território. Como questão norteadora da pesquisa buscou-se responder se os mecanismos utilizados, atualmente, são capazes de promover a logística reversa eficiente para as embalagens de agrotóxicos utilizadas no Cerrado piauiense. Este estudo destinou-se avaliar o panorama da atividade agrícola e impactos do gerenciamento das embalagens de agrotóxicos junto aos agentes envolvidos na logística da produção em larga escala e dos agricultores familiares dos quatro municípios maiores produtores de soja do Piauí: Baixa Grande do Ribeiro, Uruçuí, Bom Jesus e Ribeiro Gonçalves. Também, buscou-se conhecer o destino dos resíduos sólidos das empresas atuantes no recorte geográfico proposto, e as perspectivas dos usuários ao que propõe a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), bem como avaliar o fluxo direto e inverso da cadeia de embalagens de agrotóxicos, com destaque para o papel de cada agente dessa cadeia, além de propor um modelo de rastreabilidade total das embalagens de agrotóxicos para o Cerrado Piauiense. A pesquisa de campo foi realizada no período de fevereiro a julho de 2019. O estudo foi realizado por meio de entrevistas com questionários semiestruturados aplicados a representante da Central de recebimento de embalagens de Bom Jesus, aos coordenadores da Agência de Defesa Agropecuária do Piauí, assim como aos agricultores empresariais e familiares dos municípios em estudo. Os resultados mostram fragilidade no sistema de logística reversa, principalmente, no que se refere à fiscalização por parte do poder público, que apresenta infraestrutura de logística de transporte incompatível com as necessidades de deslocamento até as unidades produtoras, além do fato de os agricultores familiares não fazerem a devolução das embalagens. Assim, 57,5% dos representantes da agricultura empresarial vêm praticando a incineração das embalagens não laváveis (flexíveis), e 100% dos agricultores familiares não fazem a devolução das embalagens, e optam pela incineração independente da natureza das substâncias que as constituem. Foram verificadas irregularidades no manuseio e tratamento das embalagens de agrotóxicos, e a fiscalização não possui estrutura para atuar de forma efetiva, pois além de problemas associados ao transporte, o quadro de pessoal é insuficiente para cobrir todo o território dos municípios. Apesar dos avanços na produtividade, em função do uso de agrotóxicos, é necessário analisar os prejuízos que podem causar ao meio ambiente e à saúde do ser humano, associando à necessidade do monitoramento.
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