O zoneamento turístico, instrumento de políticas públicas, pouco utilizado ainda no estado do Piauí, possibilita estabelecer, zonear e direcionar o ordenamento territorial para a organização socioespacial de um município, implicando na organização do uso e ocupação do solo de forma racionalizada. Esse tipo de ferramenta faz-se necessário no município de Ilha Grande, devido a problemas socioambientais presentes no cotidiano da população, tais como à falta de infraestrutura, que atenda as demandas da comunidade e dos turistas, a distribuição permanente de água com qualidade, o fornecimento de energia, o funcionamento integral da rede de esgoto existente e a criação de pies para o embarque e desembarque tanto da população local quanto turistas. Portanto, objetivou-se com essa tese apresentar uma proposta de zoneamento turístico do município de Ilha Grande, Piauí, como uma ferramenta que auxilie a gestão pública na fomentação e desenvolvimento do turismo local, bem como no ordenamento territorial de forma sustentável. A metodologia consistiu em um estudo exploratório, descritivo, documental e de campo, com caráter quantitativo e quantitativo, com base nas peculiaridades do município (características sociais, culturais, ambientais e potencialidades turística), tendo como parâmetro o método indutivo, além da utilização de formulários e roteiros de entrevistas como instrumentos de cooptação de informações, que foram aplicados de forma não-aleatória e probabilística. Com a pesquisa, pôde-se demonstrar a importância do conhecimento de normas e diretrizes que regem o município de Ilha Grande, principalmente, por parte da gestão pública, que deve também manter diálogo com instituições (sobretudo ICMBio) que resguardam o ecossistema deltaico, já que o município está localizado dentro da Área de Proteção Ambiental. Foi caracterizado que a maioria das receitas orçamentárias são provenientes de fontes externas, sendo que 91,2% destas, especialmente, advêm de auxílios do Governo Federal. Tais condições demonstram a vulnerabilidade e ineficiência socioeconômica do município, uma situação que inviabiliza a aplicação de políticas públicas que atendam, de fato, as necessidades básicas locais. Foram identificadas a existência de ações de fiscalização de áreas vulneráveis ambientalmente por parte dos gestores municipais, além de campanhas educativas no desenvolvimento da atividade turística. O gestor da APA Delta do Parnaíba relatou, que realiza ações específicas de controle da atividade turística por meio da participação de conselhos municipais e da construção do plano de manejo. Os empresários do trade afirmaram que não possuem projetos em prol da atividade turística com a gestão pública e/ou com outras empresas. A população local, na sua maioria (55%) não acredita que o turismo praticado no município contribui para a preservação ambiental, por falta de ações mais concretas por parte da gestão pública e empresários do trade. Apesar dessa descrença na preservação ambiental, é possível descrever que a cadeia produtiva do turismo no município possui uma considerável representatividade na geração de emprego e renda, que está em torno de 34,82%. Foi possível ainda propor um zoneamento turístico para o município de Ilha Grande em cinco zonas diferenciadas, onde poderão ser implementadas políticas públicas (sociais e de infraestrutura) no sentido de promover o ordenamento territorial por meio da administração públicas. Para isso, a gestão municipal conta com documentos que podem direcionar o ordenamento do território, assim como o zoneamento turístico, especialmente o constituído pela Lei n° 190, de 5 de dezembro de 2007, no qual institui o Plano Diretor Participativo do município. Por fim, foi identificado também que Ilha Grande tem grande vocação para o desenvolvimento do ecoturismo, segmento da atividade que tem o princípio da sustentabilidade, devido a racionalização e sensibilização das ações do homem perante a natureza e, que deve ser vista como uma alternativa socioeconômica por toda a sociedade local.