A Etnobotânica, privilegia ações de trocas de conhecimento entre a ciência e a sociedade, por
intermédio do conhecimento empírico da população. A problematização do uso de inseticidas
químicos, causa danos à saúde dos povos e o uso de métodos alternativos de controle dos insetos
pragas torna-se uma alternativa viável e de baixo custo. entre esses destaca-se o método de
controle a base de inseticidas botânicos. Hipotetiza-se que os moradores da comunidade
quilombola Jenipapo, no município de Caxias-MA. utilizam inseticidas botânicos, para fins de
morte ou repelência de insetos e que o grau de toxidade dessas espécies constatará eficácia,
aliando assim o saber tradicional e o conhecimento científico. Objetivou-se investigar as espécies
botânicas utilizadas como inseticidas e/ou repelentes na comunidade e especificamente:
identificar as espécies de plantas utilizadas pelos moradores como inseticida e/ou repelentes;
obter pós de espécies vegetais potenciais, para avaliar o efeito repelente em insetos adultos de
Sitophilus zeamais Motsch em condições de armazenamento, conhecer os aspectos
socioambientais da comunidade e descrever as principais tradições e saberes dos quilombolas. O
estudo foi realizado por meio do método de entrevistas por residência. Utilizou-se como percurso
metodológico, a metodologia quali-quantitativa. Inicialmente, foi aplicada a técnica do Rapport
, posteriormente levantaram-se dados por meio de formulários com questões abertas e fechadas
a 50 moradores de ambos os gêneros, chefes de família. A coleta de material botânico foi
realizada com auxílio dos especialistas locais, por intermédio de turnês-guiadas, A identificação
foi realizada com o auxílio de literatura especializada. Os achados da pesquisa mostraram que os
moradores conhecem/utilizam 27 espécies, distribuídas em 19 famílias botânicas. Destas,
Chromolaena odorata (L.) R.King & H.Rob., Cedrela odorata L. e Costus guanaiensis Rusby,
foram testas em forma de pó vegetal. A perda de peso dos grãos de milho reduziu com o aumento
das concentrações dos pós. Na análise geoambiental observou-se: geologia, geomorfologia,
pedologia, fitofisionomia, unidades de vegetação e uso e cobertura do solo. A comunidade possui
23 famílias assentadas, e outras 10 em território particular, as chamadas “terras de dono”. A
maioria dos chefes de família é idoso, casado ou vive em união estável, predominantemente
católico e recebe algum tipo de benefício do governo Federal. Todas as residências dispõem de
rede de energia elétrica, mas não existe coleta regular de lixo. A comunidade está inserida nos
Tabuleiros do Médio Itapecuru e o solo encontrado é predominantemente Latossolo amarelo.
Observou-se apenas a ocorrência do Grupo Mearim, Formação Corda. O município insere-se no
domínio do Cerrado. Nessa região, é possível observar a expansão do agronegócio e locais com
substituição da vegetação nativa pelo plantio de grãos e pastagem. Crenças e superstições
também fazem parte do imaginário e/ou rotina dos quilombolas e estas são intimamente ligadas
com as relações desses com natureza. O respeito as fases da lua nas atividades cotidianas, fazem
parte dessa cosmovisão. Esses estudos são de grande importância e devem ser incentivadas em
comunidades quilombolas maranhenses, frente ao grande número de quilombos localizados no
Estado e para a manutenção dos aspectos culturais herdados dos seus antepassados escravizados.