As arboviroses, que têm como vetor o mosquito Aedes aegypti, afetam o homem e constituem
um sério problema de saúde pública e coletiva, tanto no Piauí, Brasil, quanto no mundo. Esta
pesquisa teve como objetivo geral realizar análise geoespacial de arboviroses (dengue, Zika
vírus e Chikungunya), frequência de focos e dos casos registrados no período de 2012 a 2019
em áreas urbanas e periurbanas do Território de Desenvolvimento dos Cocais - TDCPI, bem
como a identificação e mapeamento de espécies vegetais, a partir do conhecimento das
comunidades estudadas, mais utilizadas contra essas arboviroses. O método utilizado foi o
observacional descritivo, de natureza quantitativa e qualitativa, onde em suas etapas as
hipóteses e a problemática relacionaram com os resultados. Realizou-se levantamento
bibliométrico nas bases Web of Science, PubMed Central: PMC, LILACS e MEDLINE
Complete na análise das publicações cientificas sobre plantas medicinais com potencial
larvicida/inseticidas e/ou utilizadas como repelentes em Aedes spp. no intervalo de 10 anos.
Utilizou-se o cálculo da Incidência Cumulativa (IC) na análise da distribuição dos casos de
arboviroses, bem como o Sistema de Informação Geográfico (SIG) para mapeamento espacial
e elaboração de todos os mapas temáticos de variáveis ambientais, tais como a média do Índice
de Infestação Predial (IIP) para Aedes aegypti e Aedes albopictus, média de temperatura,
pluviometria, umidade relativa do ar, índices de vegetação (NDVI), índices de água (NDWI)
deste estudo. Os dados coletados dos 100 formulários de entrevistas foram processados no
programa IBM SPSS Statistics 21.0. Os resultados bibliométricos destacaram a combinação de
palavras-chave "Aedes" and "Insecticidal" and "plants", com a PubMed Central: PMC
liderando com 1.156 artigos, seguida pela Web of Science com 119, MEDLINE Complete com
10 e LILACS com 06. Não foram encontrados trabalhos brasileiros com os descritores "Aedes"
and "ethnobotanical". Além disso, foi observado que os Estados Unidos lideraram em algumas
áreas de pesquisa. As maiores incidências de dengue e Chikungunya no TDCPI ocorreram em
cerca de 75% dos municípios com população de até 10.000 habitantes. O município de Nossa
Senhora dos Remédios apresentou a maior taxa de IC de dengue (1684,5/100.000 hab.),
enquanto a febre Chikungunya teve IC em São João da Fronteira (1272,5/100.000 hab.) e o
vírus Zika em Piripiri (175,6/100.000 hab.). A maior taxa de mortalidade por dengue foi
registrada em Piracuruca, enquanto a maior taxa de mortalidade por Chikungunya ocorreu em
Matias Olímpio. A distribuição espacial das três doenças apresentou padrões distintos nas
direções Norte/Sul e Leste/Oeste do TDCPI. De 2012 a 2015, 77,27% dos municípios no TDCPI
mantiveram IIPs satisfatórios para o Aedes aegypti, enquanto 12 municípios conseguiram
manter esse padrão até 2019. Entretanto, a porcentagem de municípios com IIP acima de 1%
aumentou de 27,27% de 2012 a 2015 para 40,90% entre 2016 e 2019. No que diz respeito ao
Aedes albopictus, todos os 22 municípios do TDCPI mantiveram IIPs satisfatórios de 2012 a
2015, mas apenas 90,90% conseguiram manter entre 2016 e 2019. Entrevistas realizadas
indicaram que 95% dos entrevistados possuem conhecimento sobre as arboviroses
predominantes na área e seus sintomas, sugerindo eficácia nas campanhas de conscientização.
Algumas plantas, como Lippia gracilis, Cymbopogon citratus, Cymbopogon winterianus,
Azadirachta Indica e Jatropha gossypiifolia, foram identificadas como repelentes. Do ponto de
vista socioeconômico, a pesquisa revelou uma distribuição equilibrada de gênero na população
estudada, com predominância feminina (66%). A maioria dos participantes tem até 47 anos
(56%) e cerca de 60% possui ensino médio e superior. Em relação à renda, aproximadamente
metade (47%) ganha mais de um salário mínimo, enquanto a outra metade (53%) possui renda
menor, demonstrando uma diversidade de condições socioeconômicas na região.