PERFIL DA DIETA PARA NEUTROPENIA NOS CENTROS DE TRATAMENTO ONCOLÓGICO NO BRASIL.
CÂNCER, DIETA, NEUTROPENIA
Introdução: A dieta para neutropenia é caracterizada, principalmente, pela exclusão de frutas e vegetais crus, sendo uma intervenção utilizada com a justificativa de reduzir a ingestão de microrganismos capazes de causar complicações, elevando as taxas de morbidade e mortalidade em pacientes imunocomprometidos. Embora largamente difundida e utilizada, as recomendações disponíveis não são padronizadas, havendo grande inconsistência entre diferentes instituições, países e continentes. No Brasil, são escassos os dados sobre os tipos de alimentos ofertados nos diferentes centros, contribuindo para as variações entre as instituições. Objetivo: Avaliar as condutas do serviço de nutrição direcionadas aos pacientes neutropênicos atendidos nos estabelecimentos de saúde (ES) para tratamento oncológico no Brasil. Metodologia: A amostra foi composta por 30 ES que, através de um profissional graduado em Nutrição, responderam a um questionário semiestruturado, desenvolvido com 29 questões abertas, fechadas e de múltipla escolha relativas ao tipo de dieta prescrita; denominação utilizada; razões para uso, parâmetros para oferta; dentre outros. O último questionamento consistia em uma lista de alimentos a serem classificados como permitidos, restritos ou proibidos conforme grupos alimentares. Resultados: Não há um padrão de oferta dietética para pacientes imunocomprometidos, com variações desde a denominação (dieta neutropênica foi o termo citado por 56,6% ES), critérios para início e suspensão da dieta, até os alimentos que fazem parte da conduta nutricional. Foi observado que no grupo de leite e derivados, 56,6% dos ES liberam iogurte, 70% liberam queijo industrializado e 56,6% proíbem o consumo de leite fermentado. Referente ao grupo dos vegetais, 80% dos ES proíbem o consumo de salada crua. Em relação ao grupo das frutas, 83,4% ofertam frutas cozidas e/ou assadas. Em 13,3% dos ES, apenas as frutas in natura de casca grossa eram utilizadas para o preparo de suco natural. Conclusão: A edição atual do Consenso Brasileiro de Nutrição Oncológica foi lançada recentemente e, talvez, ainda não tenha sido implantada nas práticas de rotina. Também devemos considerar as diferenças regionais e as limitações financeiras de muitos ES, restringindo a variedade de alimentos ofertados, já que alguns podem não ser concedidos por não fazerem parte da rotina do Serviço de Nutrição. Os Estabelecimentos de Saúde devem elaborar ferramentas de segurança alimentar, incluindo um sistema de controle microbiológico periódico e o aconselhamento do paciente e cuidadores.