O látex é um fluido que tem sido alvo de estudos bioquímicos que o apontam como uma fonte promissora de compostos com vasto potencial biotecnológico. Muitos são os relatos sobre diferentes efeitos farmacológicos promovidos por moléculas obtidas a partir do látex de várias plantas, como é o caso da Plumeria pudica. Esta espécie é pertencente à família Apocynacea e encontrada abundantemente no Nordeste brasileiro. As proteínas presentes em seu látex foram relacionadas às suas propriedades anti-inflamatória e anti-nociceptiva e antidiarreica, nestes estudos, os autores demonstraram que as atividades farmacológicas são atingidas quando 40 mg/kg de PLPp são administrados por via intraperitoneal. Considerando a pequena parcela das plantas medicinais que foram investigadas quanto aos aspectos toxicológicos e os resultados relevantes já apresentados pelo látex de P. pudica, esse trabalho, tem como finalidade avaliar os aspectos toxicológicos do tratamento de
camundongos com proteínas do látex da Plumeria pudica (PLPp) em modelo de toxicidade subcrônica. Primeiramente os testes de toxicidade aguda e subcrônica foram realizados. Os camundongos receberam uma dose diária de 40 mg/kg de PLPp ou solução salina 0,9% intraperitoneal (i.p.) por 10 ou 20 dias consecutivos,
respectivamente. Todos os dias durante todo o tratamento, os animais foram ponderados e verificados quanto à mortalidade. No final do período, o sangue dos animais foram coletados para avaliação de parâmetros bioquímicos (níveis de AST e ALT, teor de creatinina e ureia), parâmetros hematológicos (contagem celular total e diferencial). Os órgãos internos (fígado, baço e rim) foram removidos, e utilizados para medir os níveis de glutationa reduzida (GSH), malondialdeído (MDA) e atividade da mieloperoxidase (MPO). Posteriormente, uma análise proteômica da fração proteica PLPp foi realizada a partir de eletroforeses bidimensionais e espectrometria de massas. Não foram observadas alterações significativas no peso corporal e nos órgãos dos
animais tratados com PLPp e no controle salina durante 10 ou 20 dias de administração. A contagem total e diferencial de leucócitos não apresentou diferença significativa entre os grupos tratados durante 10 ou 20 dias com PLPp quando comparados com solução salina. Os parâmetros bioquímicos do sangue revelaram
aumento significativo de AST no grupo tratado com PLPp durante 10 dias em comparação com o controle salina. No entanto, o nível AST reduziu significativamente após 20 dias de tratamento com PLPp. Não houve diferença significativa nas medidas de ALT, creatinina e ureia entre o tratamento com solução salina e PLPp por 10 ou 20
dias. O nível de GSH no rim foi ligeiramente maior em animais tratados com PLPp durante 10 dias, porém os valores retornaram ao normal próximo após 20 dias de tratamento. Os níveis de MDA e MPO no fígado, baço e rim não apresentaram diferença significativa entre 10 ou 20 dias de tratamento com PLPp em relação ao grupo salina. Análise de PLPp por espectrometria de massas revelou a presença de proteases cisteínicas, quitinases e outras proteínas comumente encontradas em fluido laticíferos. Não há relatos na literatura de propriedades tóxicas associadas a estas proteínas, o que pode explicar os eventos observados.