O alcoolismo representa uma das causas mais prevalentes de morbidade e mortalidade e o consumo nocivo do álcool acarreta cerca de 3,3 milhões de mortes a cada ano, representando de todas as mortes no mundo, 5,9%. Polimorfismos genéticos na via serotoninérgica, tais como os polimorfismos A-1438G e T102C do gene do receptor da serotonina da família 2 subtipo A (5HT2A) foram correlacionados com o início e a manutenção do hábito alcoolista. O presente estudo teve como objetivo estimar a prevalência e investigar possíveis associações entre estes polimorfismos e o uso abusivo do álcool em uma população masculina do Nordeste Brasileiro. Para compor o estudo foram selecionados 113 indivíduos alcoolistas e 114 controles, todos do sexo masculino e idade superior ou igual a 18 anos, no período de 2011 a 2013, e em seguida analisados pela técnica de PCR-RFLP. A distribuição das frequências genotípicas e alélicas e a associação dos polimorfismos ao comportamento alcoolista foram avaliadas usando o teste do Qui-quadrado (x2), teste Exato de Fisher e Odds Ratio (OR) com intervalo de confiança de 95%, bem como foi analisado o Equilíbrio de Hardy-Weinberg em ambos os grupos caso e controle. A análise dos dados foi desenvolvida utilizando o programa estatístico BioStat 5.0 com significância estatística estabelecida em p<0,05. A análise do desequilíbrio de ligação foi desempenhada no Haploview 4.2. Para as características demográficas da população, houve a observação de diferenças significativas entre os grupos estudados para as variáveis: escolaridade, média de consumo de doses por dia, histórico familiar e hábito tabagista (p<0,05). Os resultados da distribuição alélica entre os grupos para os polimorfismos A-1438G e T102C revelaram uma frequência do alelo G de 63,7% em casos e 64,92% no grupo controle, enquanto que para o alelo C a frequência no grupo alcoolista foi de 62,3% e no grupo controle foi de 66%. A distribuição dos genótipos para os ambos os SNPs demonstrou frequência do genótipo GG nos alcoolistas de 41,6% e nos controles de 39,47%, no entanto, o genótipo CC mostrou uma frequência em casos e controles de 40,72% e 41,23%, respectivamente. As frequências dos alelos e dos genótipos de ambos os polimorfismos estudados não diferiram significativamente entre alcoolistas e controles, sugerindo ausência de associação com a dependência alcoólica na população analisada. A análise do desequilíbrio de ligação dos SNPs A-1438G e T102C no gene 5HT2A demonstrou que estes estão em forte desequilíbrio (D’= 0,86, r2= 0,73), e que o haplótipo GC considerado de suscetibilidade, demonstrou frequência de 59,5% no grupo alcoolista e 60,1% no grupo controle, não diferindo estatisticamente (p= 0,99). Os dados apontam para a falta de contribuição dos polimorfismos A-1438G e T102C no gene 5HT2A com a dependência alcoólica na população investigada, no entanto, estudos adicionais são necessários para a confirmação dos resultados obtidos e o esclarecimento do papel dos polimorfismos com a suscetibilidade para o alcoolismo e fatores que são responsáveis pelo início e manutenção do hábito.