A capacidade de perceber e interpretar os intervalos de tempo são habilidades inatas e essenciais a todas as espécies animais, pois estão incorporadas a inúmeras funções cognitivas no processo de adaptação ao ambiente. No entanto, a base neural e o processo de temporização permanecem envolto em mistérios dentro das neurociências, dessa maneira novas abordagens como a Realidade Virtual com estímulos visuais dinâmicos vêm sendo desenvolvidas para analisar a interpretação dos intervalos de tempo, principalmente por meio de tarefas que demandam a cognição e funções executivas em atividades cotidianas. O objetivo do estudo foi investigar as modificações corticais e o desempenho do indivíduo induzido por mudanças na reprodução da velocidade de movimento (original, slow e fast) de um estímulo virtual não-imersivo em 3D, em uma tarefa de produção do tempo. Trata-se de um estudo crossover formado por 21 participantes em três condições de velocidade do movimento: original, slow e fast. Os participantes passaram por análise eletroencefalográfica da potência absoluta da banda teta no córtex pré-frontal dorsolateral simultaneamente com execução da tarefa de produção do tempo, além de análise comportamental da atenção, através do teste de Stroop. Os sujeitos da condição slow apresentaram maior número de erro na tarefa de produção do tempo, no momento após utilização de realidade virtual (p<0.001), além disso, na análise eletrofisiológica foi observado aumento da potência absoluta da banda teta no córtex pré-frontal dorsolateral direito em todas as janelas de tempo investigadas (p<0.001). Desta forma, o estímulo virtual com mudança na velocidade de movimento resultou na diminuição do desempenho na tarefa de produção do tempo, atuando em domínios cognitivos na faixa de segundos, influenciando ainda na atividade cortical de áreas com funções executivas de atenção e memória.