Os movimentos oculares constituem um dos processos básicos de interação com o meio ambiente, permitindo a localização e a observação dos objetos que rodeiam o indivíduo, além disso, a visão exerce influência sobre processos cognitivos, por exemplo, durante a atenção, os problemas de atenção visual podem interferir no desempenho e no processamento das informações visuais. Para focalizar um objeto próximo, os olhos necessitam realizar um movimento de adução conjugado chamado de convergência. A convergência pode ser caracterizada como a acomodação de linhas que se direcionam para um mesmo ponto, o que sugere que a insuficiência de convergência (IC), na ortóptica, é a resistência de um ou ambos os olhos seguirem um objeto que se dirige a raiz do nariz, sendo que um, ou ambos, podem desviar em direção contrária.Esta se caracteriza como uma disfunção comum binocular com prevalência de 4,2 até 7,7% na população em geral, e destes, cerca de 75% são sintomáticos, os sintomas mais citados são fadiga ocular, dificuldade de concentração e cefaleia, que podem interferir no processo de aprendizagem e na qualidade de vida do indivíduo. Nos últimos anos, estudos foram publicados comparando a eficácia de tratamentos para a IC tanto em crianças como em adultos, no entanto, não há um consenso quanto ao melhor tratamento, além de haver uma escassez, ou até mesmo ausência, de estudos que investiguem a atividade cortical de indivíduos com IC. Desse modo o objetivo do presente estudo foi investigar a IC em indivíduos jovens de 18 a 24 anos de idade utilizando uma régua centimétrica embasada em uma régua de acomodação de convergência e a relação com atividade cortical por meio do EEG. Trata-se de um estudo transversal controlado e comparativo, realizado com 20 participantes destros de ambos os gêneros. Foram realizados os testes de dominância ocularpara perto e longe, inventário deEdimburgo, teste de acuidade visual e o questionário Convergence Insufficiency Symptom Survey versão português (CISS vp). O experimento foi conduzido da seguinte maneira: no primeiro dia foram captados 3 minutos de EEG, no qual os participantes não realizaram nenhum tipo de movimento, permanecendo apenas de olhos abertos e fixos em um ponto redondo de referência (2,8 cm) colocado 1,80 m a sua frente. Nos dias subsequentes houve treinamento com a régua e captação do EEG pós-tarefa, seguido de dois retornos do voluntário com intervalo de 7 dias cada. De acordo com os resultados encontrados, a partir dos dados colhidos pelo questionário CISS-vp, o sintoma mais frequente relatado pelos participantes foi a “necessidade de reler a mesma linha de um texto”. Para analisar os resultados do PPC antes e depois da intervenção com a régua foi utilizado o Teste T pareado no programa de estatística SPSS. Para a análise dos dados eletrofisiológicos obtidos realizou-se uma two-wayANOVA de medidas repetidas para dois fatores: momento e área. Os resultados mostrammelhora significativa da convergência ocular e alterações na potência absoluta da banda de frequência alfa nas derivações T3, T4, T5, T6, O1 e O2.