A prevalência de polimorfismos que influenciam a terapia de medicamentos amplamente utilizados constitui um desafio ao tratamento de doenças complexas de elevada incidência, como as cardiovasculares. A varfarina é um anticoagulante largamente utilizado na cardiologia. Possui índice terapêutico estreito e grande variabilidade dose-resposta entre os pacientes, os tornando suscetíveis a sérios eventos adversos, como hemorragias intracraniana e gastrointestinal grave. Aproximadamente, 30 a 50% da variável dose-resposta interindividual e interpopulacional, são representadas por SNPs nos genes CYP2C9 e VKORC1. No Brasil, a varfarina é oferecida pelo Sistema Único de Saúde, e incluída como um dos medicamentos do componente básico de assistência farmacêutica. Portanto, considerando que a população brasileira é miscigenada e que a farmacogenética pode direcionar ao melhor tratamento, o objetivo deste trabalho é realizar a prevalência dos SNPs CYP2C9*2 (430 C>T), CYP2C9*3 (1075 A>C) e VKORC1 (-1639 G>A) em uma população do Estado do Piauí, nordeste brasileiro. Para a detecção desses SNPs foram genotipadas por meio da técnica de PCR em tempo real, 234 amostras de DNA de indivíduos naturais de 45 cidades, distribuídas nas quatro mesorregiões que dividem o Estado do Piauí. A comparação entre as frequências observadas e esperadas nos três loci, por meio do método do qui-quadrado (X2), revelou que as distribuições não apresentaram diferenças significativas ao nível de 5%, portanto estando em Equilíbrio de Hardy-Weinberg. Dentre os SNP do estudo, o mais frequente foi o VKORC1 -1639 G<A (33%), seguido do CYP2C9*2 (10%). Considerando os haplótipos do geneCYP2C9, o haplótipo mais frequente foi o CYP2C9*2*3 CA (85,5%), seguido doCYP2C9*2*3 TA (9,3%) e CYP2C9*2*3 CC (4,7%). Esses resultados preliminares aumentam o conhecimento sobre informações genômicas em populações miscigenadas e contribuem para o direcionamento de estratégias públicas associadas à farmacogenética de fármacos de relevância clínica, como a varfarina.