A cromoblastomicose é uma infecção subcutânea, granulomatosa e progressiva, causada pela inoculação traumática de fungos da família Herpotrichiellaceae. É uma micose de difícil tratamento, devido ao seu perfil de cronicidade, não existindo terapia de escolha. Nesse contexto, o reposicionamento de fármacos passa a ser uma alternativa terapêutica. As fluoroquinolonas compõem um grupo de antibacterianos que atuam inibindo as topoisomerases II e IV. Tendo em vista seu mecanismo de ação e a presença em grande quantidade da primeira enzima em fungos, espera-se que essa classe possua atividade antifúngica. Desse modo, o presente estudo objetivou analisar a susceptibilidade fúngica in vitro dos agentes da cromoblastomicose à ciprofloxacina, à levofloxacina e à norfloxacina isoladas e em combinação com antifúngicos (anfotericina B, itraconazol, posaconazol e terbinafina). O ensaio de atividade antifúngica foi realizado de acordo com o documento M38-A2 do Clinical and Laboratory Standards Institute. O perfil de interação entre as fluoroquinolonas e os antifúngicos foi avaliado pelo método de tabuleiro de xadrez. A interação existente entre os fármacos foi obtida por meio do cálculo do Índice Fracionário de Concentração Inibitória (IFCI). A ciprofloxacina, a levofloxacina e a norfloxacina não inibiram os fungos (n=20) nas concentrações utilizadas (CIM >128 μg/mL). No entanto, as combinações dos antifúngicos, terbinafina ou posaconazol com a ciprofloxaciina ou norfloxacina, mostraram maior número de sinergismos frente aos isolados fúngicos testados (IFCI = 0,15 – 0,5). Já a associação de itraconazol com ciprofloxacina ou norfloxacina obteve resultados sinérgicos para apenas cinco dos 20 isolados. Todas as associações com a anfotericina B foram indiferentes, bem com a de itraconazol/levofloxacina. Não houve antagonismo dentre as combinações avaliadas. De acordo com os resultados, pode-se constatar que a ciprofloxacina e a norfloxacina ao serem associadas ao posaconazol ou à terbinafina apresentaram perfil sinérgico. Sendo assim, essas combinações podem reduzir os custos associados ao tratamento, bem como as recidivas da infecção. Com isso, podem ser consideradas alternativas terapêuticas para a cromoblastomicose, uma vez que são medicamentos já aprovados e possuem segurança comprovada. Isso torna mais rápida implementação dos mesmos na clínica.