Introdução: as doenças cardiovasculares são consideradas a principal causa de óbito no Brasil e no mundo e, destas, a Síndrome Coronariana Aguda (SCA) é líder, ocorrendo metade dos óbitos dentro da primeira hora dos sintomas. O período entre o início dos sintomas e o restabelecimento da perfusão coronariana é crucial, tornando as emergências cardiovasculares complexas e exigindo equipe assistencial qualificada. Apesar do avanço de estratégias diagnóstico-terapêuticas, estas nem sempre chegam aos pacientes SUS-dependentes.Objetivo: realizar diagnóstico da assistência cardiovascular oferecida aos pacientes acometidos de SCA na rede pública de saúde do município de Parnaíba-PI, período de julho/2018 a junho/2019. Método: estudo transversal de revisão documental retrospectiva e observação livre, numa sequência de tempo cronológico, com avaliação da infraestrutura, de recursos materiais e humanos, protocolos de atendimento e logística operacional no atendimento à SCA. As variáveis obtidas dos prontuários foram organizadas por ano de atendimento e as coletadas por observação livre, analisadas de forma descritiva, sendo o parâmetro de avaliação a conformidade ou não de cada dado à regulamentação: Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre diagnóstico e tratamento da Angina Instável, Infarto Agudo do Miocárdio com e sem Supradesnivelamento do Segmento ST, Portaria nº 10 de 03 de janeiro de 2017 (diretrizes de modelo assistencial e financiamento de UPA 24h de Pronto Atendimento) e Portaria nº 210 de 15 de junho de 2004 (define as Unidades de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular). Resultados: dos 2.396 prontuários pesquisados 1.427 não constava registros de comorbidades e em 2.372 inexistiam registros de antecedentes patológicos familiares. Em 195 havia informações completas sobre horário de início e características da dor torácica. Detectou-se ausência de protocolo de atendimento específico para SCA. Dos 2.396 prontuários vistos, 07 registraram realização de ECG nos 10 minutos iniciais da chegada do paciente e nos demais predominou média de tempo porta-ECG superior a 30 minutos. A classificação de risco estava registrada em 1.932 prontuários e 464 não a apresentavam. Em 214 prontuários não havia registros de sinais vitais e, dentre os 2.182 que tinham, 26 mostravam 2 aferições distintas, com os demais 2.156 tendo um único registro. Não havia cardiologistas de plantão no Pronto Socorro Geral. Dos 216 exames de enzimas de necrose miocárdica registrados, 36 tinham horário de solicitação e de emissão do resultado, sendo que 23 tiveram o resultado emitido dentro da primeira hora da assistência. No período pesquisado ocorreram 80 cateterismos cardíacos e 64 angioplastias coronarianas em pacientes enviados pelo HEDA ao Serviço de Cardiologia Intervencionista do Hospital e Maternidade Dr. Marques Bastos. Conclusão: as divergências entre o serviço avaliado e os parâmetros das diretrizes e normas regulamentadoras mostraram fragilidades estruturais e organizacionais no atendimento à SCA e suscitaram ideias transformadoras à assistência praticada nas urgências cardiológicas para potencializar a atenção profissional de qualidade oferecida aos pacientes com SCA no município de Parnaíba-PI.