Atualmente se tem evidenciado uma mudança no perfil epidemiológico da sociedade, de modo que as doenças crônicas não-transmissíveis têm se tornado cada vez mais prevalentes, como é o caso do diabetes mellitus (DM). Os determinantes sociais, bem como o contexto em que se encontra a pessoa diabética, pode causar implicações positivas ou negativas na evolução da doença. Segundo a literatura, os moradores da zona rural em razão de se encontrarem em maior situação de vulnerabilidade, podem apresentar menores práticas de cuidado em relação à DM e maiores limitações funcionais que afetam a qualidade de vida (QV) destes. O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade funcional, o autocuidado e a qualidade de vida de diabéticos da zona rural do Município de Martinópole/CE. Adotou-se um delineamento quantitativo, de cunho descritivo exploratório com dados transversais e com amostra não probabilística e por conveniência. Participaram 99 diabéticos com idades entre 29 e 88 anos (M= 60,08 ± 12,71 anos). Foi realizado um levantamento de variáveis sociodemográficas, clínicas e antropométricas dos voluntários por meio de triagem e consulta de prontuários. Aplicou-se o Questionário de Atividades de Autocuidado no Diabetes (QAD), o Questionário de Diabetes 39 (D39) e o Questionário do Perfil de Atividade Humana (PAH). Os dados obtidos por meio da ficha de triagem foram submetidos a estatísticas descritivas por meio do software IBM SPSS 25.0, enquanto os dados coletados por meio dos questionários foram submetidos a estatísticas inferenciais por meio do mesmo software, sendo realizados testes não paramétricos de correlação. Verificou-se que 84,9% dos voluntários apresentaram baixa escolaridade e 51,8% recebem um salário mínimo. A amostra apresenta índice glicêmico médio acima do recomendado, 70,7% apresentam ao menos uma doença crônica além do diabetes, e 75,8% dos voluntários apresentaram excesso de peso. Observou-se correlação positiva entre IMC e comorbidades (ρ (97) = 0,599, p < 0,001), controle do diabetes e gravidade do diabetes (ρ (90) = 0,544, p < 0,001), e correlação negativa entre energia e mobilidade e o escore de atividade ajustado do PAH (ρ (92) = - 0,599, p < 0,001). Os resultados sugerem que os diabéticos da zona rural de Martinópole/CE possuem a QV afetada pelo DM revelando uma maior dificuldade para controlar a doença, o que pode ter refletido em uma maior percepção de gravidade do DM. Além de apresentarem o desempenho funcional reduzido provavelmente devido a uma menor mobilidade e atividade física, sendo o sedentarismo e o sobrepeso os fatores de risco de destaque nessa população.