Introdução: A periodontite é caracterizada como uma doença crônico-inflamatória multifatorial que leva a uma reabsorção óssea alveolar e destruição dos tecidos de suporte e proteção dental e pode afetar vários outros tecidos em locais distantes. A periodontite causa a apoptose, mediada por caspases, levando a superexpressão da caspase-8. Objetivo: Avaliar a expressão da caspase-8 nas alterações hepáticas em um modelo de periodontite experimental e associado a administração de Lactobacillus spp. e N-acetilcisteína. Metodologia: Os ratos foram divididos em grupos: controle, periodontite, periodontite + Lactobacillus spp. e periodontite + N-acetilcisteína. A periodontite foi induzida por um fio de náilon 3-0 que foi colocada ao redor da cervical dos primeiros molares inferiores. O Lactobacillus spp. na dose de 0,5 ml/dia foi administrado por gavagem nos animais e N-acetilcisteína na dose de 15 mg/kg via intraperitoneal. A perda óssea alveolar foi avaliada por morfometria. Os efeitos sistêmicos foram investigados por histopatologia do fígado, contagem global de leucócitos e dosagem de parâmetros bioquímicos, tais como aspartato aminotransferase, alanina aminotransferase, cálcio, albumina, proteínas totais, colesterol total, ureia e glicose. A inflamação e a peroxidação lipídica dos tecidos foram investigadas por meio da dosagem da mieloperoxidase (MPO) e malondialdeído (MDA) respectivamente. A análise da caspase-8 foi realizada por ensaio de imuno-histoquímica do fígado. Resultados: O modelo de periodontite foi eficaz, sendo confirmada por um examinador devidamente calibrado, que realizou as análises das regiões ao redor dos primeiros molares. Os parâmetros clínicos de mobilidade dentaria, índice de sangramento gengival e índice de profundidade de sondagem dos grupos tratados com os Lactobacillus spp. e N-acetilcisteína, mostrando melhora significativa quando comparados ao grupo periodontite (p<0,05). O uso de Lactobacillus spp. conseguiu reduzir também o infiltrado neutrofílico no tecido gengival e da perda óssea alveolar (controle: 2,81 ± 0,71 mm, periodontite: 5,35 ± 0,14 mm, Lactobacillus spp.: 4,529 ± 0,23 mm, p < 0,05). A análise do tecido hepático apresentou redução dos escores de esteatose, necrose, MPO (controle: 3,66 ± 0,33; periodontite: 7,13 ± 0,28; Lactobacillus spp.: 4,91 ± 0,40, p<0,05), GSH (controle: 0,22 ± 0,00; periodontite: 0,11 ± 0,01; Lactobacillus spp.: 0,26 ± 0,01) e MDA (controle: 81,52 ± 1,02; periodontite; 133,00 ± 5,11; Lactobacillus spp.: 98,59 ± 1,77) quando comparado com o grupo com Periodontite. A administração n-acetilcisteína diminuiu os níveis da MPO na gengiva (Controle: 1,5 ± 1,0U/mg; Periodontite: 10,7 ± 4,3U/mg e N-acetilcisteína: 4,3 ± 3,1U/mg, p<0,05) e MDA do tecido hepático (Controle 634,2 ± 131,7mmol/g; Periodontite 912,3 ± 88,1mmol/g; N-acetilcisteína 773,8 ± 73,85mmol/g, p<0,05). A histologia da área de furca e do fígado também demonstraram uma redução dos escores de esteatose, necrose, inflamação e da perda óssea alveolar AOA (controle: 6,2 ± 0,6mm; Periodontite: 10 ± 1,3mm; N-acetilcisteína: 8,9 ±1,2mm com p<0,05). Houve diferença também na expressão de caspase-8 no grupo Lactobacillus spp. (controle: 1,2 ± 1,0 células/μm2, periodontite: 5,6 ± 1,4 células/μm2, Lactobacillus spp.: 2,9 ± 1,2 células/μm2, p <0,05) e n-acetilcisteína (controle: 0,9 ± 0,9 células/μm2, periodontite: 4,5 ± 1,6 células/μm2, N-acetilcisteína: 2,7 ± 1,3 células/μm2, p<0,05). Conclusão: Os tratamentos mostraram resultados promissores para os parâmetros clínicos, no infiltrado de neutrófilos e diminuíram significativamente os escores da esteatose, reduzindo também as concentrações dos níveis de caspase-8 no tecido hepático.