O termo câncer é utilizado para englobar uma centena de doenças cuja característica predominante é a proliferação exacerbada das células formando uma massa tumoral causando perda de função. Atualmente, o tratamento padrão em cânceres mais avançados é a quimioterapia, que apresenta baixa especificidade e frequentes efeitos colaterais. Atrelado ao tratamento complexo e difícil, temos uma alta taxa de incidência que tende a aumentar nos próximos anos. Nesse cenário, a busca por novos compostos citotóxicos apresenta-se extremamente relevante na pesquisa médica. A identificação dessas novas estruturas também esbarra em seu potencial farmacocinético. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é avaliar o potencial citotóxico e os parâmetros farmacocinéticos de duas chalconas hidroxiladas (A3 e A10) através de metodologias in vitro e in sílico, respectivamente. Os testes para avaliação dos parâmetros farmacocinéticos foram feitos em softwares disponíveis de forma online e gratuita. Os dados obtidos correspondem ao perfil de Absorção, Distribuição, Metabolismo, Excreção e Toxicidade das estruturas em estudo. Segundo as predições, as duas chalconas apresentam-se como boas candidatas a fármacos. Para os ensaios in vitro, foi realizado o teste de MTT por 72 horas em cinco linhagens de células tumorais, onde ambas as chalconas apresentaram potencial citotóxico. Dentre as amostras testadas, a chalcona A3 foi a mais efetiva, apresentando valores de CI50 que variaram de 3,85µM a 14,83µM em SCC-4 (Carcinoma de células escamosas de língua) e HL-60 (leucemia promielocítica aguda), respectivamente. A partir desse resultado a SCC-4 e a chalcona A3 foram as selecionadas para a continuidade dos experimentos in vitro. Um ensaio de exposição intermitente ao tratamento nos tempos de 3, 6, 12 e 24 horas foi realizado, após período de tratamento as células continuaram em incubação em meio sem droga até às 72 horas. Os resultados obtidos demonstraram que a chalcona A3 possui um efeito tempo-dependente. Para corroborar com os valores, um ensaio de viabilidade com tratamento de 24 horas foi feito, os valores de CI50 (13,7µM) foram semelhantes ao observado no ensaio intermitente (12,7 µM), o que demonstra um caráter irreversível do tratamento, e possivelmente citostático por não haver diminuição do CI50 após remoção do tratamento. Os valores de CI50 foram considerados para realização do ensaio de exclusão de azul de Tripan por 24 horas, cujo resultado corroborou com o MTT. Assim, mais testes serão realizados com o objetivo de investigar o mecanismo de ação anticâncer da chalcona hidroxilada A3 em células SCC-4.