Como uma das Doenças Tropicais Negligenciadas (DTNs), as leishmanioses se posicionam como a segunda doença parasitária de maior incidência no mundo. A terapêutica convencional para essas enfermidades, baseada principalmente em antimoniais pentavalentes, tem características tóxicas, além de alto custo e de longo prazo, tornando as pesquisas alternativas na área significativas. Nesse contexto, as plantas medicinais representam uma fonte de novas moléculas bioativas já tendo revelado inúmeras substâncias com atividade antileishmania promissora. Partindo desse príncipio, temos as naftoquinonas, uma classe de quinonas que apresenta diversas atividades biológicas, dentre elas, a atividade antileishmania. Diante do exposto, o presente trabalho teve como objetivo investigar a atividade antileishmania da cordiaquinona E (CORe), uma naftoquinona isolada das raízes da Cordia polycephala (Lam.) I. M. Johnston, sobre formas promastigotas e amastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis e seus possíveis mecanismos. A CORe foi efetiva em inibir o crescimento de formas promastigotas (CI50 4,5 μM) e amastigotas axênicas (CE50 2,89 μM), com segurança para células hospedeiras (CC50 246,81 μM) e com índices de seletividade superiores aos medicamentos de referência, sendo mais benignos para macrófagos RAW 264.7 do que o antimonial de meglumina e anfotericina B, em 75,12 e 49,4 vezes, respectivamente, com relação a forma promastigota. O tratamento com a CORe aumentou o número de células com a marcação anexina V-FITC+ e 7AAD- e anexina V-FITC+ e 7AAD+, sugerindo que o padrão de morte celular em promastigotas envolve apoptose com secundária morte por necrose. Pela observação das formas promastigotas tratadas na Microscopia de Força Atômica (MFA), contemplou-se invaginações e |
danificação das ultraestruturas do protozoário, sugerindo atividade antileishmania do tipo leishmanicida. No modelo de infecção em macrófagos com L. amazonensis o tratamento com a CORe diminuiu a porcentagem de infecção, o número de amastigotas/macrófago infectado e o índice de infecção de macrófagos, com reduções de 88,9 %, 79,5 % e 98,5 % na concentração de 50 μM, respectivas aos parâmetros citados após 72 h de tratamento. A CORe mostrou-se ainda mais ativa contra amastigotas intracelulares do parasita (CE50 1,92 μM), evidenciando efeitos sobre a ativação macrofágica. A atividade antiamastigota foi associada a uma atividade imunomoduladora uma vez que aumentou os níveis de TNF-α, IL-12, NO e EROs, bem como diminuiu os níveis de IL-10. Os resultados sugerem que a CORe é uma substância com atividade antileishmania in vitro promissora e candidata a ser investigada em modelos in vivo de leishmaniose tegumentar. |