A síndrome pós COVID-19 representa uma série de sintomas e complicaçõesprolongadas, que vão além do período inicial da doença ou que aparecemnoperíodo pós infecção. Embora algumas evidências tenhamapontadoefeitostardios pós COVID-19, poucos estudos têm avaliado diferenças clínicasefuncionais entre indivíduos com e sem comorbidades prévias. Oobjetivodopresente estudo foi avaliar as manifestações clínicas pós COVID-19emindivíduos com e sem comorbidades prévias à infecção pelo novo coronavírus. Trata-se de um estudo observacional transversal, com abordagemdescritivaeanalítica. Cento e trinta e sete participantes com diagnóstico de COVID-19(3a12 meses pós-infecção) de ambos os sexos, com idades entre 18 e 59anos, realizaram uma avaliação clínica e funcional para identificar os impactos tardiosda COVID-19, também denominada como “COVID longa”. Amaioria eramdosexo feminino (n=103/75,2%), pardos (n=86/62,8%), empregados (n=98/71,5%), solteiros (n=64/46,7%) e ensino médio completo como maior nível deescolaridade (n=48/35,0%). As comorbidades mais presentes foramhipertensão(n=19/13,9%) e obesidade (n=19/13,9%). Os principais sintomas duranteainfecção pelo COVID-19 foram dor de garganta (n=102/74,5%), febre(n=94/68,6%), tosse (n=104/75,9%), cefaleia (n=109/79,6%), coriza(n=93/67,9%) e fraqueza muscular (n=102/74,5%). Os principais sintomas pósinfecção foram dor no corpo (n=102/74,5%), déficit cognitivo (n=53/38,7%), fraqueza muscular (n=59/43,1%) e queda de cabelo (n=71/51,8%). Houvediferenças significativas entre os grupos SC (n=88) x CC (n=49) na mobilidade(p=0,03); produtividade laboral – presenteísmo (p<0,05), prejuízo total notrabalho (p=0,02) e prejuízo nas atividades de vida diária (p<0,05); funcionalidade física (p=0,01) e na função cognitiva subjetiva (p<0,05). Noexame de função pulmonar (espirometria) 79% dos participantes apresentaramfunção pulmonar normal. Análises exploratórias demonstraramcorrelaçõessignificativas entre funcionalidade física e cognitiva, prejuízo laboral comotempo pós infecção. Os resultados deste estudo indicamprejuízos clínicofuncionais pós COVID-19 mesmo três a doze meses após a infecção pelonovocoronavírus, independentemente da presença de comorbidades prévias. Noentanto, indivíduos com comorbidades prévias apresentammaiorescomprometimentos na qualidade de vida (domínio mobilidade), índices deprejuízo laboral, funcionalidade física e cognitiva.