As leishmanioses representam um conjunto de doenças negligenciadas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Ao longo de décadas, tratamentos quimioterápicos de primeira e segunda linha foram disponibilizados, porém caracterizam-se por sua considerável toxicidade e eficácia variável, o que tem contribuído para o surgimento de resistência. O ácido gálico (ácido 3,4,5-tri-hidroxibenzóico) e seus derivados têm sido associados a uma ampla variedade de atividades biológicas. O objetivo deste trabalho foi avaliar in vitro e in vivo o potencial antileishmania, citotóxico e imunomodulador de macrófagos do galato de octila (um éster do ácido gálico). Foram realizados protocolos antileishmania em promastigotas e amastigotas de Leishmania (Leishmania) amazonensis, citotoxicidade e atividade imunomoduladora de macrófagos e citotoxicidade in vivo em larvas Zophobas morio. O composto revelou baixa toxicidade em macrófagos J774.A1 (CC50 = 124,8 μM). Além disso, mostrou atividade antileishmania, inibindo promastigotas de L. (L.) amazonensis (CI50 = 2,27 μM), com índice de seletividade de 54,97, e amastigotas intramacrofágicas (CE50 de 1,71 μM), com índice de seletividade de 72,98. Também foi capaz de aumentar a produção das citocinas pró-inflamatórias TNF-α e IL-12, bem como de óxido nítrico (NO) e espécies reativas de oxigênio (EROs), além de reduzir os níveis da citocina anti-inflamatória IL-10. No ensaio de toxicidade in vivo, apresentou toxicidade tolerável e aumento na melanização nas maiores concentrações testadas (15 e 1500 mg/Kg), com um DL50 de 75 mg/Kg. Conclui-se que o galato de octila revelou importantes propriedades toxicológicas e potencial antileishmania, com redução da infectividade em macrófagos parasitados.