Evidências de quais estruturas estão envolvidas diretamente na caracterização da percepção do tempo, ainda não foram detalhadamente descritas. Sabe-se hoje que a capacidade do indivíduo em perceber o tempo é desenvolvida com suas próprias experiências, entretanto, são observadas regiões que captam, integram e codificam estas informações. Ela também pode ser modificada por fatores biopsicossociais como emoção, memória e atenção, além de estímulos visuais dinâmicos decorrentes do meio em que o indivíduo esteja inserido. Neste contexto, a realidade virtual surge como uma ferramenta que desperta o treino das habilidades cognitivas. É conhecida na literatura, associações entre percepção temporal e realidade virtual, a nível comportamental, entretanto o conhecimento das repercussões eletrofisiológicas desta associação é ainda obscuro. O objetivo desse estudo foi investigar o desempenho e as modificações eletrofisiológicas de indivíduos submetidos a realidade virtual não-imersiva com alterações na velocidade do estímulo, durante a realização de uma tarefa de estimativa do tempo. A pesquisa consiste em um procedimento crossover, que ocorreu em quatro dias consecutivos com 21 voluntários, onde todos participaram das condições de velocidade (original, slow, fast). O eletroencefalograma foi utilizado, para a captação da atividade da assimetria da banda teta durante realização da tarefa e avaliação do teste de atenção Stroop. Os resultados refletiram a influência das três velocidades em diferentes momentos, sendo mais evidente a diminuição do desempenho com maior número de erros na condição original e após o estímulo (p<0,005), além disso foi evidenciado aumento da atividade de assimetria da banda teta nos córtex frontal e temporal (p<0,005), principalmente após a realidade virtual com predominância hemisférica esquerda.