O câncer é caracterizado por um conjunto de doenças que tem relação com o crescimento desordenado de células que invadem os tecidos e órgãos. Diversos novos fármacos têm sido descobertos para tratamento de diferentes tipos de câncer, oriundos de plantas, algas, microorganismos e outros, além disso, muitos produtos podem ser nanoformulados a fim de aumentar a efetividade das drogas utilizadas no tratamento dos diversos tipos de câncer. Os polissacarídeos extraídos de plantas possuem diversas aplicações descritas na literatura como atividade antibacteriana, antifúngica, antioxidante e atividade antitumoral in vitro e in vivo. No entanto, o mecanismo de ação antitumoral ainda não está totalmente elucidado, mas acredita-se que esteja relacionado à modificação de resposta biológica através do recrutamento de células de defesa para o ambiente tumoral. Além disso, nos últimos anos os polissacarídeos também estão sendo utilizados auxiliando na estabilização de nanoestruturas permitindo assim a posterior utilização de nanofármacos para o tratamento de patologias como o câncer. Assim este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial antitumoral de dois polissacarídeos naturais extraídos das plantas Anacardium ocidentale L. e Anadenanthera colubrina var. cebil (Griseb), através de modelos in vivo e in vitro, além de síntese de nanopartículas de ouro. Foi possível, com esta pesquisa, identificar nanopartículas de ouro, estabilizadas com a goma do angico, de formato esférico, com tamanhos variando entre 15 e 20 nm, PDI de 0,4 e potencial zeta de -21 mV. Estes resultados demonstraram sistemas estáveis, não sendo observada a formação de aglomerados e nem de precipitados, mesmo após 10 meses de síntese. Nos ensaios in vivo, a goma do cajueiro foi capaz de inibir o crescimento tumoral em melanoma metastático murinho (B16F-10) em 35% e 40%, nas doses de 50 e 100 mg/kg, respectivamente. Este efeito provavelmente é causado pela interação do polímero com o sistema imune do animal, provocando um aumento do recrutamento de células de defesa, principalmente macrófagos, com pouca ou nenhuma toxicidade contra células normais, quando comparado com a ciclofosfamida. No entanto, nenhum efeito citotóxico para células tumorais foi observado in vitro. Mais testes serão realizados para elucidar esta interação entre o polissacarídeo e os receptores celulares.