As evidências atuais sobre o papel do cérebro no desempenho esportivo põem em xeque estratégias unicamente biomecânicas para a melhora da performance. A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma técnica não invasiva e não farmacológica que tem apresentado resultados bastante animadores na melhora de valências físicas e habilidades motoras. No entanto, seu efeito sobre a potência muscular anaeróbica é pouco conhecido. O objetivo do presente estudo foi investigar o efeito da ETCC na potência mecânica anaeróbica média de indivíduos saudáveis. Métodos: Cinquenta indivíduos saudáveis e fisicamente ativos, de ambos os sexos, foram distribuídos aletoriamente em dois grupos de ETCC: (1) Real (2mA, 20 min ON) e (2) Simulada/sham (2mA, 20 min/30s ON), ambas aplicadas na área referente ao córtex motor primário. A potência muscular anaeróbica foi avaliada por meio do Teste de salto vertical de Bosco, com duração de 60s. O desfecho primário (potência média) e os desfechos secundários (potência de pico, índice de fadiga e percepção subjetiva de esforço) foram avaliados antes e imediatamente após as estimulações cerebrais. Após um intervalo de sete dias os grupos foram novamente avaliados, porém o tipo de ETCC (real/simulada) foi invertida entre os grupos. A análise dos resultados demonstrou um aumento significativo da potência relativa (60s) e absoluta (60s) após a aplicação da ETCC anodal em relação à ETCC simulada (sham), indicando que o aumento da excitabilidade do córtex motor modula positivamente a eficiência neuromuscular durante uma tarefa de estresse anaeróbico. A ETCC também apresentou resultados favoráveis para o número de saltos (5,6% ETCC real vs -1,3% ETCC sham), tempo de voo (7,1% ETCC real vs -2,3% ETCC sham), melhora no índice de fadiga (14,9% vs -4,9%) e redução da percepção de esforço (7,5 e 3,2% pós-ETCC real e sham). Os resultados do presente estudo sugerem que o aumento da excitabilidade corticomotora aumenta a eficiência neuromuscular durante uma tarefa de estresse anaeróbico.