Introdução: A presença de úlceras infectadas nos pés é uma causa comum de morbidade em pacientes diabéticos, levando a complicações como gangrena e amputações. As micoses nas lesões do pé são condições agravantes dos transtornos neuropáticos, isquêmicos ou de ambos. Objetivo: Avaliar a incidência de infecções fúngicas em pés diabéticos em um serviço de referência na planície litorânea do estado do Piauí. Metodologia: É um estudo prospectivo, transverso, de abordagem quantitativa, realizado no ambulatório de pés insensíveis de Parnaíba no período de junho de 2022 a março de 2023. Os dados foram obtidos por meio da aplicação de um questionário epidemiológico e logo após houve a realização da coleta das amostras para a realização do Exame Micológico Direto (EMD) e cultural dos pacientes selecionados. As amostras de fungos coletados foram identificadas a nível de gênero por meio da técnica de microcultivo e quando leveduriformes, foi realizada a identificação presuntiva através do cultivo no meio Chromagar® Candida. Foram utilizados os testes qui-quadrado e Wilcoxon utilizando-se o Software SPSS, versão 26. Para todas as análises foi considerado nível de significância 5%. Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética da UFPI, CAAE: 5.588.478. Resultados e Discussão: No período do estudo foram coletadas amostras de 50 clientes do ambulatório de pés insensíveis. Houve predominância da incidência de infecções fúngicas em clientes idosos (60,0%), homens (72,0%), pardos (84,0%), que tinham entre 01 a 07 anos de estudo (42,0%) e 68% dos participantes do estudo tinha diabetes mellitus (DM) há pelo menos 10 anos. A maioria dos pacientes do estudo com úlcera no pé, após classificação do sistema da Universidade do Texas, apresentava úlcera do Pé Diabético A1, com predominância em 40,42% da amostra. Entre os participantes do estudo 14 (28%) tiveram amputação, sendo que, houve uma prevalência maior em homens (71,42%). Com relação a presença de micoses, 54% das amostras tiveram resultados positivos em pelo menos um dos métodos diagnósticos. Das 31 amostras de leito ungueal, foram isolados no exame cultural 16 agentes fúngicos, 9 (56,25%) de Trichophyton spp., 4 (25%) de Candida krusei, 1 (6,25%) de Candida tropicalis, 1 (6,25%) de Candida albicans e 1 (6,25%) de Scytalidium spp. Das 47 amostras de úlcera coletadas, obteve-se 13 (27,65%) fungos isolados, com uma prevalência de Trichophyton spp. em 6 (45,15%) das amostras, seguido por 3 (23,07%) de Candida albicans, 3 (23,07%) de Candida krusei e 1 (7,69%) de Candida tropicalis. A cultura foi a melhor forma de detecção fúngica, com positividade de 21,27% nas amostras de feridas e 29,03% de leito ungueal. No estudo não foi possível predizer que a quantidade de fungo na ferida esta correlacionado com o grau e estágio de classificação da DFU, agravando o quadro do paciente. Conclusão: Observou-se que a incidência fúngica em pé diabético foi predominante em idosos, do sexo masculino, pardos e com menos de oito anos de estudo. O tempo de DM é de suma importância, foi possível observar que, assim como em outros estudos, os pacientes possuíam uma média de mais de dez anos de diagnóstico. Com relação à pre em pacientes com pés diabéticos e do perfil de pacientes por elas acometidos.sença de micoses, podemos observar que foi encontrada uma maior incidência de fungos em leito ungueal quando comparado às úlceras. Quanto à identificação da presença fúngica nas unhas, foi possível observar uma predominância de Trichophyton spp. sobre os demais gêneros. Já a infecção nas úlceras houve uma predominância de espécies de Candidas sobre os dermatófitos. Deste modo, este estudo contribui para preencher uma lacuna existente no conhecimento da interferência das infecções fúngicas.