A agricultura familiar é caracterizada pela multiculturalidade, trabalho coletivo e soberania alimentar, associada aos elementos que compõem a resistência camponesa para garantir a produção de base ecológica, luta identitária, enfrentamento ao êxodo rural e a busca pela sustentabilidade no campo. Entretanto, o processo histórico tem evidenciado perdas de memórias do que fazer camponês, dificuldade de acesso à informação e recentemente a pandemia de Covid-19 tem contribuído com os problemas que enfrentam a profissionalização das juventudes rurais. Nesse contexto, a museologia social tem registrado experiências de inserção de jovens rurais em espaços de diálogos e de pertencimento territorial do campesinato. Contudo a presença de museus ocorre de forma desigual nas regiões brasileiras, o Nordeste é a terceira região em quantitativo e o Piauí figura com um dos estados com o menor número de museus do país. Diante desse contexto, o trabalho optou pela integração da pesquisa-ação participativa com a etnografia, envolvendo juventudes rurais e as tecnologias socioambientais da unidade técnico-pedagógica do Quintal Agroecológico da EFA Cocais - PI, utilizou-se oficina e inventário participativos para resgatar as memórias, histórias orais, mediações pedagógicas, experimentações da museologia social e dos elementos do patrimônio cultural, para propor a construção participativa de um museu de referência da identidade cultural dos saberes do ofício dos camponeses do território dos Cocais. Dentre os resultados, destacam-se a Exposição fotográfica e documentários etnográficos, alcunhado de “Campo” envolvendo os jovens, os camponeses e as tecnologias do Quintal agroecológico. Esses achados promoveram o intercâmbio, trocas de experiências, saberes, memórias e histórias geracionais, subsidiando a proposta de criação do museu de território na EFA Cocais como um instrumento de inserção social e resgate da cultura camponesa. Conclui-se que a exposição e documentário Campo entrelaçou as juventudes rurais, o ambiente do Quintal Agroecológico e os saberes dos camponeses, contribuindo com a valorização e preservação do patrimônio cultural imaterial do Território dos Cocais.