ANÁLISE ESPACIAL DA ENDEMIA HANSÊNICA EM UMA CAPITAL DO NORDESTE
Hanseníase; Análise Espacial; Atenção Primária à Saúde
Introdução: A hanseníase é uma doença infecciosa, crônica, com alto poder incapacitante, com elevada magnitude e transcendência. Para o controle da endemia são recomendadas ações de controle como, por exemplo, utilização de dos Sistemas de Informação Geográfica. Objetivo: O presente estudo teve por objetivo analisar o padrão espacial da ocorrência de hanseníase em Teresina, Piauí, relacionando-o com indicadores socioeconômicos. Metodologia: Utilizou-se a malha dos bairros de Teresina, obtida na Empresa Teresinense de Processamento de Dados (Prodater); dados do Sistema de Informação de Agravos e Notificação (SINAN) e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Foi realizado o georreferenciamento dos casos novos de hanseníase, em seguida foi calculada taxa de detecção em menores de 15 anos, taxa de detecção por faixa etária, bem como taxa de detecção geral da doença por bairro e realizada suavização das taxas e calculado Índice de Moran Global. Realizou-se o cálculo do Índice de Carência Social (ICS), estratificando-o em quartis. O ICS e os indicadores que o compõe foram relacionados com a taxa de detecção da hanseníase por meio do Coeficiente de Correlação de Spearman. Foram gerados mapas para análise. Resultados: A distribuição espacial evidenciou que o padrão de hiperendemicidade predomina nos bairros teresinenses e que na maior parte do período estudado, a hanseníase apresentou autocorrelação espacial positiva, sugerindo dependência espacial entre os bairros. A análise da taxa de detecção geral juntamente com o ICS mostra que nos estratos de alta e muito alta carência social encontram-se as maiores taxas de detecção da hanseníase, a qual variou de 67,4/100.00 a 76,9/100.000. Verificou-se associação estatisticamente significativa entre a taxa de detecção e ICS (p=0,006), bem como com a proporção de chefes de família com renda mensal de até um salário mínimo e/ou sem rendimento (p=0,002) e com média de moradores por domicilio (p=0,029). Conclusão: Os resultados desse estudo evidenciam que o processo de adoecimento da hanseníase ultrapassa o campo biológico e perpassa por outros condicionantes, como fatores socioeconômicos. Espera-se que, para além do conhecimento da distribuição espacial da hanseníase em Teresina, este estudo traga contribuições para o direcionamento de ações efetivas de vigilância, com vistas ao diagnóstico precoce e controle da hanseníase e ainda que possa fomentar outras pesquisas.