Introdução: No processo de ensino-aprendizagem, o professor sempre esteve à frente da transmissão de conhecimento, com o desenvolvimento de atividades pedagógicas e docentes. Com a chegada da pandemia da COVID-19, estes trabalhadores foram colocados à prova com novos desafios atrelados ao processo de ensino- aprendizagem. Desta forma, foi iniciada uma corrida aos meios digitais, pelos docentes, para viabilizar o ensino remoto. Acredita-se que estas condições possam contribuir para o adoecimento dos docentes e/ou podem ter atuado como intensificador de distúrbios ou agravos relacionados ao trabalho. Objetivo: Analisar as mudanças ocorridas nas condições e processo de trabalho decorrentes da pandemia da Covid-19 e os impactos na saúde dos docentes. Métodos: Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, desenvolvida em uma escola da rede pública, de nível fundamental de ensino, localizada no município de Floriano-PI, com amostra composta por 06 professores que atuam no ensino fundamental I (1° ao 5º ano) da unidade escolar. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas semiestruturadas individuais, realizadas de forma presencial em sala reservada dentro da unidade escolar, com os dados coletados com uso de gravador manual de voz, e avaliados pela análise de conteúdo de Bardin, em apreciação sob à luz do que propõe a teoria da ergonomia da atividade. Quanto aos procedimentos éticos foi solicitada autorização junto à secretaria municipal de educação de Floriano–PI e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí (UFPI), sob CAAE nº 66423222.3.0000.5214. Resultados: Ocorreram mudanças no processo de realização de trabalho, como também do local de trabalho, levando à invasão do ambiente domiciliar e sobrecarga de trabalho, causando impactos na saúde física e mental dos professores. Nos domínios físicos da saúde, diante das novas formas de trabalhar, foram gerados e/ou agravados desordens osteomusculares, como lombalgias e lesões por esforço repetitivo. Assim como, na saúde mental, onde se destacam a ocorrência de quadros de ansiedade, estresse e medo. Considerações Finais: As alterações ocasionadas pelo ensino remoto emergencial contribuíram com a intensificação de agravos que já se apresentavam na precarização do trabalho docente anterior a pandemia, com desordens tanto na saúde física quanto mental, sob a influência de diversos fatores como a quebra de vínculo profissional, a pressão psicológica sofrida, aumento de carga horária e as condições inadequadas de trabalho. Tendo em vista que esses impactos foram analisados em curto prazo, entre o cessamento da pandemia e o retorno à rotina ao ambiente escolar, o que pode impedir a detecção de impactos cuja a latência seja superior ao tempo em que foi realizado esse estudo, ressalta-se a necessidade de acompanhamento com novas pesquisas.