INTRODUÇÃO: Os distúrbios osteomusculares são um conjunto de disfunções que podem acometer músculos, tendões, nervos e demais componentes do aparelho locomotor. A natureza do trabalho desenvolvido pelos docentes torna esse grupo ocupacional especialmente sujeito à alta incidência de tais desordens. OBJETIVO: Analisar os fatores associados aos sintomas osteomusculares em docentes da educação infantil. MÉTODOS: Trata-se de um estudo epidemiológico de corte transversal, realizado com 192 docentes da rede municipal de Educação Infantil da cidade de Teresina, Piauí. As docentes foram convidadas a responder um questionário não identificado contendo dois instrumentos: a versão em português do Nordic Musculoskeletal Questionnaire (NMQ) e questões sociodemográficas, saúde e trabalho e estilo de vida. A variável dependente deste estudo foi o relato de sintomas osteomusculares indicado nas nove regiões corporais presentes no NMQ, posteriormente agrupadas de acordo com a sua posição anatômica, passando a constituir três segmentos corporais: Coluna, Membros Superiores e Membros Inferiores. As variáveis independentes avaliadas foram: Aspectos gerais, Aspectos profissionais, Ambiente de trabalho e Saúde e hábitos de vida. A análise de dados foi realizada utilizando-se o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS Inc., versão 17.0). Para as análises bivariadas foram utilizados os testes do χ² de Pearson ou teste exato de Fischer, conforme a aplicabilidade. As análises bivariadas foram utilizadas como critério para seleção das variáveis a serem inclusas nas análises multivariadas, mantendo-se aquelas com p≤0,20. A análise multivariada foi desenvolvida por meio da Regressão Logística Múltipla (RLM). As variáveis foram sendo testadas uma a uma (método Stepwise Forward), até que o modelo preservasse apenas variáveis com valor de p≤0,05. RESULTADOS: Quando consideradas as regiões corporais, as partes inferior e superior das costas foram os responsáveis pelo maior percentual de sintomas relatados, impedimentos funcionais e consulta a profissionais de saúde, tanto nos últimos 12 meses quanto nos últimos 7 dias. As docentes que consideraram o tempo de intervalo entre as aulas insuficiente para descanso relataram quase 7 vezes mais sintomas osteomusculares na coluna do que as demais (p<0,001) e a idade menor/igual a 35 anos foi associada à ocorrência dos sintomas osteomusculares no segmento Membros Superiores. No segmento Membros Inferiores, o conhecimento sobre a prevenção das LER/Dort se mostrou importante fator protetivo. As melhores condições de ventilação da sala de aula, o menor tempo de trabalho como professor da Educação Infantil e o menor esforço físico demandado na realização das atividades em sala foram outros fatores protetivos à ocorrência de sintomas osteomusculares nos segmentos analisados. CONCLUSÃO: Conclui-se que os fatores associados a ocorrência de sintomas osteomusculares em docentes do ensino infantil, foram o tempo de descanso entre as aulas considerado insuficiente e a idade menor/igual a 35 anos. Embora haja avanços nas políticas de saúde do trabalhador e de promoção da saúde no ambiente escolar, as ações voltadas ao público docente ainda não apresentam articulação necessária para assegurar ao professor melhores condições de trabalho e saúde.