Introdução: A violência familiar infanto-juvenil é caracterizada por atos ou omissões praticadas por pais, parentes ou responsáveis e pode produzir comportamentos autodestrutivos, reclusão, depressão, raiva e problemas de aprendizado, como os que caracterizam o fracasso escolar. Objetivo: Analisar a correlação entre a percepção de violência familiar infanto-juvenil e o fracasso escolar. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal utilizando a triangulação dos dados, realizado com 117 escolares do 6º do ensino fundamental de escolas públicas da cidade de Chaval-CE. Esta pesquisa foi desenvolvida em 02 escolas da zona urbana e 01 da zona rural totalizando 06 turmas participantes da coleta de dados. Os dados quantitativos foram coletados por meio de questionário sociodemográfico, aplicação da escala de Sinalização do Ambiente Natural Infantil (SANI) e avaliação objetiva do fracasso escolar, sendo analisados utilizando os testes t de student, Exato de Fisher e teste de Spearman. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas com 20% dos escolares, compostos por 10% com maior pontuação e 10% com menor pontuação na escala SANI. Utilizou-se a saturação teórica e as informações foram avaliadas por meio da análise do discurso na vertente francesa. Resultados: Dentre os escolares da amostra, 52,1% eram do sexo masculino e 47,9% do sexo feminino com média de idade de 10,9 anos. A pesquisa demonstrou ainda que 86,3% dos escolares eram matriculados na zona urbana e 53,8% estudavam no turno da manhã. Após análise bivariada verificou-se que não houve diferença significativa entre as médias de percepção de violência familiar para as variáveis de turno, renda familiar e quanto ao fracasso escolar. Em contraponto, houve diferença significativa (p ≤ 0,05) na relação entre a pontuação na escala SANI e as zonas urbana e rural. A partir das entrevistas semiestruturadas foi possível identificar que a maioria dos participantes mora com os pais ou só com a mãe e, quando ausentes, os tios têm exercido o papel de responsáveis pelos escolares. Quanto aos tipos de violência presenciada, a física e a psicológica foram as mais citadas pelos escolares, tendo como agressores mais frequentes os pais e a vítima mais frequente foi a irmã (o). Conclusão: Mediante análise entre a percepção de violência familiar e fracasso escolar verificou-se que não houve correlação significativa, ainda que as pontuações estejam acima da média da escala SANI, o que permite concluir que mesmo presenciando situações de violência, os escolares podem desenvolver estratégias de autoproteção que auxiliem no desempenho escolar satisfatório.