Introdução: A violência contra a mulher é importante causa de morbimortalidade feminina e tem como principal perpetrador o parceiro íntimo. Gestantes não estão isentas da violência por parceiro íntimo e a escassez de dados em algumas regiões é obstáculo para prevenção baseada em evidências. Objetivo: Analisar a violência por parceiros íntimos na gestação (VPIG) em Caxias, Maranhão. Métodos: Trata-se de estudo transversal, cuja população foi composta por mulheres grávidas de 10 a 49 anos, no terceiro trimestre gestacional, realizado entre setembro de 2019 a março de 2020. Utilizou-se formulário com variáveis sociodemográficas, comportamentais, obstétricas e do histórico da violência, complementado pelo instrumento World Health Organization Violence Against Women Study. Realizou-se análise hierarquizada para as variáveis independentes, com cálculo de odds ratios ajustados (ORaj) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) por regressão logística múltipla. Resultados: Foram entrevistadas 233 gestantes. A VPIG apresentou prevalência de 33,0%, com predomínio da violência psicológica (18,9%). A análise bivariada mostrou associação entre ocorrência de VPIG e faixa etária abaixo de 20 anos (p=0,001), parceiro íntimo sem ocupação profissional (p=0,002) e que fazia uso de drogas ilícitas (p<0,001). Além disso, histórico de violência física antes (p=0,001) e após 15 anos de idade (p=0,012), antecedente de violência sexual antes de 15 anos de idade (p=0,029), histórico de violência psicológica antes (p<0,001) e após 15 anos de idade (p=0,001) e presenciar agressão física e psicológica materna (p=0,043) também se apresentaram associadas. No modelo hierarquizado, apenas o consumo de drogas ilícitas pelo parceiro íntimo se manteve como fator associado ao desfecho de VPIG (ORaj=11,71; IC95% 2,81-48,89). Conclusões: A VPIG apresentou prevalência elevada, sendo necessário implementar estratégias de intervenção na assistência pré-natal do município.