A presente dissertação trata da noção de solidariedade do filosofo Richard Rorty a partir dos romances e ensaios de George Orwell. Rorty na obra Contingência, ironia e solidariedade (2007) esclarece a relevância desta noção e sua relação com a literatura. O foco da pesquisa é o que podemos entender por filosofia prática em Rorty partindo da noção de solidariedade, e seus desdobramentos éticos e políticos. Desse modo, o trabalho tem como objetivo geral investigar a noção de solidariedade desenvolvida por Richard Rorty a partir dos romances e ensaios de George Orwell. No primeiro capítulo, destaco a presença da literatura e romances filosóficos na tradição filosófica com ênfase nos estilos literários da filosofia. Em seguida, mostro o valor inspirador das grandes obras de literatura na perspectiva de Rorty, considerando que o neopragmatista esclarece que o valor inspirador das grandes obras de literatura, fazem as pessoas pensarem que há mais nesta vida do que jamais imaginaram. No segundo capitulo, discorro sobre o uso filosófico dos romances. Inicio pelos romances de Orwell norteado por Rorty, em seguida as perspectivas de Kundera (sabedoria do romance, hipótese ontológica e egos experimentais) e Bloom (literatura sapiencial). Para finalizar, discuto as perspectivas de Kundera e Bloom, destacando que segundo Rorty os romancistas são melhores do que os filósofos para fins sociais específicos porque são “bons em detalhes”. No terceiro capitulo apresento o solidarismo em Orwell. Inicialmente destaco os instrumentos de Rorty: redescrição e recontextualização histórica evidenciando que a redescrição é um dos conceitos chaves do neopragmatista; é uma forma útil de entrar em sua obra. Em seguida evidencio as similaridades e diferenças entre Orwell e Rorty atentando para a política, distopias e liberalismo em ambos. Finalizo destacando a noção de solidariedade em Rorty a partir dos romances e ensaios de Orwell. Partindo da perspectiva de Rorty mostro a relevância da pesquisa porque é necessário uma mudança no modo de pensar a própria filosofia: a filosofia não teria mais a função de fornecer os “fundamentos de uma política democrática”, ou de indicar a “origem dos direitos humanos naturais”; seu novo papel seria o de estar a serviço da política democrática no sentido de possibilitar um “equilíbrio reflexivo” entre as nossas reações instintivas a problemas contemporâneos (os desafios atuais do nosso tempo) e os princípios gerais nos quais fomos criados (nossa herança cultural).