O desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação (TIC) têm proporcionado novas formas de exercer as atividades profissionais, tais como o teletrabalho, exercício das atividades laborais não mais atrelado ao espaço físico da organização. Esse modelo, que já vinha se mostrando atrativo para pessoas e organizações, ganhou renovado interesse, impulsionado pelo contexto da pandemia de COVID-19. A tendência, tornou-se a forma padrão de trabalho, durante um amplo período, em escala inédita e de abrangência global. O trabalho exercido de forma remota ganha assim uma possibilidade real de vir a se consolidar em muitos contextos, a exemplo do serviço público no Brasil. Embora já implantado em alguns órgãos, a nova conjuntura proporcionou uma ampliação, que tende a se consolidar. Dada essa possibilidade, que traz oportunidades e desafios, a promoção das competências necessárias para que os servidores consigam alcançar os resultados esperados ao exercer suas atividades de forma remota, pode se tornar uma perspectiva importante para as organizações públicas. Diante isso se faz imperativo compreender os desafios e potencialidades do teletrabalho na perspectiva do desenvolvimento de competências necessárias em instituição pública – objetivo a que este trabalho se propõe, por meio de pesquisa qualitativa. Para tanto, foram identificadas as competências apontadas pela literatura como necessárias ao desenvolvimento de trabalho remoto. A partir desse levantamento, elaborou-se instrumento de pesquisa, roteiro de entrevista, o qual foi aplicado em uma organização pública, com 27 (vinte e sete) servidores. As entrevistas foram tratadas a partir da análise de conteúdo, elencando em categorias os desafios do teletrabalho, bem como as competências necessárias para fazer face aos desafios. Além das entrevistas, foram usadas como fontes de evidências documentos produzidos pela organização que tratam dos temas teletrabalho e competências. As evidências foram analisadas de forma conjunta, de forma a estabelecer recomendações à organização estudada. Como resultado, foram elencados desafios do teletrabalho, relativos a 7 (sete) áreas: planejamento; desempenho técnico; comunicação; relações socioprofissionais; pessoais e organizacionais; tecnologia; e, compreensão do trabalho. Chegou-se, ainda, a um conjunto competências, distribuídas em setes categorias: gerenciais ou de planejamento; técnicas; comunicativas; sociais; comportamentais; tecnológicas; e, analíticas. As competências foram propostas à organização como as que se mostraram mais relevantes a ser desenvolvidas para atuação no contexto de trabalho remoto e apresentadas como produto técnico, em formato de podcast.