A morte faz parte do desenvolvimento humano e é inerente a todos os seres vivos, no entanto, na sociedade ocidental atual se configura um interdito, sendo evitada a todo custo. Nas instituições de saúde não tem sido diferente, principalmente na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), local do hospital de hipermedicalização e escamoteamento da morte. Diante desse cenário, cabe refletir qual tem sido a formação do residente em terapia intensiva e sua preparação para lidar com a morte e morrer na contemporaneidade. Assim, o objetivo primário desse estudo é compreender como a formação do residente em terapia intensiva o prepara para atuar frente a situações de terminalidade, morte e luto na UTI. Os objetivos específicos são: analisar a presença da temática da morte e do morrer no Projeto Pedagógico Curricular das residências; identificar as concepções de morte e morrer de residentes e preceptores dos programas de residência em terapia intensiva; e, investigar as ações teórico-metodológicas desenvolvidas nos programas de Residência em Terapia Intensiva referente à educação para a morte. Para tanto, realizar-se-á uma pesquisa descritiva e exploratória, subsidiada em uma abordagem de cunho qualitativo que será desenvolvida em duas etapas, sendo a primeira pesquisa documental e a segunda pesquisa de campo. O estudo será desenvolvido com os Programas de Residência Médica e Multiprofissional em Terapia Intensiva, ofertados por uma Instituição de Ensino Superior Federal e Estadual, respectivamente. Essas residências constituem modalidade de ensino de pós-graduação, sob a forma de cursos de especialização, caracterizada por treinamento em serviço. A coleta dos dados utilizará como fonte o Projeto Pedagógico Curricular (PPC) de cada residência. Também será realizada entrevista semiestruturada com a população composta por residentes e preceptores de cada programa, de forma individual, caso haja o consentimento dos mesmos, utilizando como recurso um gravador. O critério de inclusão é fazer parte do corpo discente ou docente dos programas de residência em terapia intensiva. Esse critério foi escolhido por ser a UTI um cenário onde se encontram pacientes com sério risco de agravamento com possibilidade de morte e em condições de terminalidade, palco de discussões bioéticas. Como critério de exclusão considera-se a recusa ou desistência de participação ou a retirada do consentimento a qualquer momento na pesquisa por algum integrante do corpo docente ou discente dos Programas ou a insuficiência de dados oferecidos ao pesquisador no momento da entrevista. A análise dos dados será realizada em duas etapas: a primeira consiste na análise documental do PPC dos programas de residência por meio de averiguação dos componentes curriculares e contextos em que aparece a inserção da temática morte, a segunda, consiste na análise das entrevistas por meio do mapa dialógico de Spink (2013), através de quadros com linhas e colunas compostas pelos materiais da Transcrição Sequencial e Transcrição Integral. A pesquisa seguirá os preceitos da portaria 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde, com base nos referenciais da bioética, autonomia, justiça, beneficência e não maleficência, segundo as exigências éticas e científicas fundamentais e Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Foi aprovada com o parecer de número 2.883.454 pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí – UFPI, após autorização das instituições competentes. Acredita-se que por meio desse estudo será possível compreender como a formação dos intensivistas os prepara para lidar com a morte tão presente nesse cenário para, a partir daí, possibilitar ponderações frente aos profissionais sobre qualidade de vida e de morte para os pacientes internados.