Essa pesquisa apresenta uma Cartografia dos processos de subjetivação em saúde da pessoa com sofrimento psíquico. A situação-problema que deu origem a está pesquisa emergiu de uma experiência no Programa de Residência Multiprofissional em Saúde da Família, nos dois módulos da Unidade Básica de Saúde da Ilha de Santa Isabel. A análise dos resultados do Trabalho de Conclusão da Residência que resultou dessa experiência mostrou que as práticas de assistência à saúde das pessoas com sofrimento psíquico, na Atenção Básica, são segmentadas e seu agenciamento opera numa lógica que reduz à assistência à saúde dessas pessoas à psicologia e à psiquiatria, independente do problema de saúde-doença. Diante dos resultados do TCR e dessa problemática realizamos uma pesquisa-intervenção cujo objetivo consistiu em cartografar processos de subjetivação em saúde de pessoas com sofrimento psíquico na Atenção Básica, mapeando, acompanhando e analisando esses processos de subjetivação e a determinação social da saúde dessas pessoas a partir do olhar de usuários, profissionais e familiares. Para a produção das informações, utilizamos a cartografia que, além de ser um método de pesquisa qualitativa, também é reconhecida como um modo de fazer pesquisa-intervenção. Para registro dessa experiência, usamos diário cartográfico e para composição da cartografia e análise dos resultados recorreremos à esquizoanálise e suas ferramentas-conceitos relacionadas à produção de subjetividade e à coexistência de processos de subjetivação segmentados e singulares. As estratégias metodológicas foram tecidas por meio de 03 trançados, incluindo alguns passos da socioclínica: Trançado 1 - Ecomapas dos dispositivos existentes no território; Trançado 2 – Itinerários terapêuticos e de convivência dos usuários-atores da pesquisa; Trançado 3 – Fluxograma do cuidado em saúde e projeto terapêutico singular relacionado ao matriciamento. Como cenários a Unidade Básica de Saúde da Ilha Grande de Santa Isabel que possui duas equipes de Estratégia Saúde da Família. A pesquisa contou com 24 participantes, entre profissionais de saúde, usuários com sofrimento psíquico e familiares. Para registro dessa experiência, usamos diário cartográfico e para composição da cartografia e análise dos resultados recorreremos à esquizoanálise e suas ferramentas-conceitos relacionadas à produção de subjetividade e à coexistência de processos de subjetivação segmentados e singulares. Nos resultamos e discussões apresentamos as narrativas das histórias de Flor de Cacto, Angélica, Girassol e Estrelícia, que nos fornecem elementos para evidenciar que os processos de subjetividade desses usuários, como também dos profissionais e familiares em relação à saúde das pessoas com sofrimento psíquico na Atenção Básica emergiram como analisadores os dispositivos gênero, raça, classe social, família, trabalho e política de amizade, atravessados por linhas de segmentaridade dura, agenciamentos psiquiátricos, medicalização da existência na lógica do biopoder que reduz à saúde das pessoas com sofrimento psíquico a psiquiatria e psicologia que se configuram como práticas instituídas de assistência à esses usuários na Atenção Básica. Não obstante, também mapeamos linhas maleáveis e de ruptura que produzem processos de singularização e resistência as lógicas instituídas, operando na apropriação dos dispositivos da atenção psicossocial de base comunitária.