No atual momento histórico vivenciado, em que as relações sociais são fortemente
influenciadas pelo sistema capitalista e a relação do ser humano com a natureza é
permeada por um viés produtivista, percebe-se que, cada vez mais, as crianças
distanciam-se do meio natural. Vive-se um cenário onde é propagada a falsa ideia de
separação radical entre o indivíduo e a natureza, paralelo a isso, emergem estilos de
vidas e infâncias emparedadas. O contato entre a criança e a natureza possibilita
aprendizagem, criatividade, imaginação, consciência ambiental, interações sociais, bem-
estar, autonomia, concentração, responsabilidade, desenvolvimento físico, motor,
cognitivo, entre outros benefícios que despertam todos os sentidos das crianças. Estudos
que versam sobre a temática apontam para a urgência de estreitar essa relação a fim de
possibilitar uma infância mais saudável com desdobramentos no desenvolvimento
integral da criança, além de contribuir no processo formativo de uma geração mais
comprometida com o meio ambiente. No que tange ao espaço escolar, ambiente onde a
criança passa boa parte do tempo, a natureza, muitas vezes, é colocada de maneira
abstrata, fora de alcance, distante e não palpável. Diante disso, estão emergindo, de
forma incipiente, discussões e propostas pedagógicas em que a aprendizagem em meio à
natureza faça parte do componente currricular. As Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação Infantil e a Base Nacional Comum Curricular, documentos legais cujos
objetivos são orientar a comunidade educacional e assegurar os direitos das crianças,
sinalizam a necessidade do vínculo entre a criança e a natureza no processo de ensino e
aprendizagem. Diante do exposto, emergiu o anseio de investigar como ocorre a
aprendizagem e o desenvolvimento de estudantes da Educação Infantil em meio à
convivência com a natureza em duas instituições de ensino da região litorânea
piauiense. Para contemplar o objetivo geral deste estudo, espera-se identificar e
comparar as propostas pedagógicas de duas instituições de Educação Infantil que fazem
uso da natureza no cotidiano escolar; sistematizar o aprendizado e o desenvolvimento
infantil em meio à natureza a partir da perspectiva de professores da Educaçao Infantil;
verificar como os pais analisam o aprendizado e o desenvolvimento dos filhos em
contato com a natureza mediado pela escola. Este estudo é de abordagem qualitativa,
quanto aos objetivos, enquadra-se como pesquisa descritivo-exploratória. Ressalta-se
que o projeto desta pesquisa já foi submetido ao Cômite de Ética em Pesquisa (CEP), no
qual emitiu parecer favorável (3.945.776). Assim, será realizada uma entrevista
semiestruturada, contendo perguntas que versam sobre a temática, com a família e
educadores, bem como questões de cunho sociodemográfico para caracterizar os
participantes. Estima-se a participação de vinte (20) mães e pais de crianças, bem como
a participação de dez (10) professores da Educação Infantil de ambas as escolas
(divididos equitativamente). Os dados serão analisados pelo software IramuteQ e IBM
SPSS Statistic 21. Todos os aspectos éticos da pesquisa serão resguardados conforme as
resoluções 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde.