Os modos com os quais a sociedade lida com pessoas com
deficiência são marcados por avanços e retrocessos em vários
contextos, como economia e política. A opressão vivenciada
por esses indivíduos esteve relacionada à ausência de
autonomia e liberdade individual. As concepções de
deficiência foram se modificando ao longo do tempo, mas
mesmo diante dos avanços, modelos ultrapassados com
prerrogativas do capitalismo e capacitismo estão presentes na
contemporaneidade. Discursos de superação, meritocracia,
missão divina tensionam o tempo inteiro a luta para a
afirmação do modelo social da deficiência, o qual foi
fortalecido por mulheres deficientes. Porém, ainda assim, a
sociedade paralisa e nega os lugares que essas mulheres
ocupam a partir da exigência de padrões cada vez mais
irrealísticos de “alta performance”. Nesse sentido, o objetivo
geral da pesquisa é analisar narrativas (auto) biográficas de
mulheres em cadeira-de-rodas na sociedade contemporânea. O
estudo terá como objetivos específicos: reconhecer a
experiência de como é ser mulher cadeirante na
contemporaneidade; investigar implicações psicossociais do
capacitismo na vida das mulheres com deficiência física;
discutir modos de ser mulher cadeirante e as
interseccionalidades de gênero, classe, raça, sexualidade,
maternidade, educação e trabalho na sociedade capacitista;
debater como o modelo neoliberal produz incapacidades,
diante das expectativas ilusórias de perfeição, construindo
uma sociedade capacitista. A escolha metodológica neste
trabalho foi a abordagem qualitativa, por meio de uma
narrativa (auto)biográfica da própria pesquisadora e reflexões
de outras mulheres deficientes a partir de suas falas que
tornaram públicas em meios de divulgação. As experiências
serão narradas através de fotos, trechos de diários, memórias
de cenas, etc. A análise foi realizada a partir das categorias de
interseccionalidade e materiais que emergiram das narrativas,
possibilitando fazer uma costura com conceitos teóricos e com
as vivências de outras mulheres cadeirantes. Ancorado nestes
referenciais foi enfatizado o experienciar da deficiência e sua
articulação com gênero, raça, sexualidade. O estudo do
capacitismo como instituição da mulher cadeirante aponta
como resultados implicações psicossociais relacionadas com
atravessamentos de sexualidade, maternidade, trabalho,
família e precarização da vida, medo, angústia, incerteza, dor,
sofrimento psíquico, desamparo e insegurança; além da
coragem para assumir seus espaços e enfrentamento da
militância por seus direitos, visibilidade e da sororidade.