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Banca de QUALIFICAÇÃO: RONIEL SOUSA DAMASCENO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: RONIEL SOUSA DAMASCENO
DATA: 12/12/2022
HORA: 16:35
LOCAL: Online/Remoto - Google Meet
TÍTULO: PSICOLOGIA ESCOLAR CRÍTICA COMO PRÁTICA DA LIBERDADE: DIÁLOGOS INVENTIVOS COM PAULO FREIRE
PALAVRAS-CHAVES: Atuação Crítica; Escola Pública; Paulo Freire; Psicologia Escolar/Educacional.
PÁGINAS: 50
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

Introdução. A presente pesquisa de mestrado está alinhada à prática crítica da psicologia escolar com os fundamentos político-pedagógicos de uma educação libertadora, por meio de um diálogo teórico-criativo com a vida, obra e ação política de Paulo Freire na sociedade brasileira. Em especial, demarca-se como campo de pesquisa, e ação-reflexiva, a atuação das psicólogas(os) no cotidiano da Educação Básica em instituições públicas de ensino, levantando a seguinte questão norteadora: como anunciar uma perspectiva libertadora na prática crítica da psicologia na escola pública brasileira? O estudo se baliza pela problematização das contradições e necessidade de avanços da prática crítica em Psicologia Escolar e Educacional/PEE frente às necessidades concretas da vida diária escolar, suas impressões numa sociedade capitalista/neoliberal. Além de perguntar-se pelo engajamento da postura crítica na luta pela transformação social, bem como pela construção de práticas libertadoras cujo ponto de partida e materialização assentem-se na realidade concreta da escola pública brasileira. Assim posto, nossa pesquisa justifica-se pela sua importância na ampliação das reflexões acerca da ação educativa das(os) psicólogas(os) na escola pública, tanto quanto pela sua implicação em situar, a nível teórico-prático, a PEE num marco político e científico de uma educação libertadora. Fundamentação Teórica. O movimento de crítica à psicologia como ciência e profissão, e, em especial, as práticas psicológicas tradicionais na educação - cuja constituição deu-se alinhadas à sociabilidade capitalista e aos interesses de classe e da cultura hegemônica (Patto, 1987, 2015), constituiu o compromisso político das psicólogas(os) na luta em defesa da escola pública democrática e de qualidade social, bem como na construção de uma práxis coletiva e institucional (Andrada et al., 2019; Souza, 2009). Partindo disso, estabelece-se uma tentativa de contextualização de tais rupturas políticas e históricas com às demandas educativo-escolares atuais, muitas das quais vividas pelas(os) psicólogas(os) no cotidiano educacional (Meira, 2012; Montero, 2010; Souza et al., 2014). Desse modo, problematiza-se como a postura crítica pode equivocadamente desarticular-se do processo dialético de ação e reflexão (Freire, 2021), engendrando práticas distanciadas da realidade das escolas e do compromisso ético-político com os sujeitos locais, pois, acredita-se que somente reconhecer o pensamento crítico não assegura que transformações se concretizem pela atuação da psicologia nas escolas (Moreira & Guzzo, 2016; Souza, 2018). Com a questão levantada, pretende-se superar perspectivas epistêmicas que “riscam” rigorosamente uma separação entre a crítica como teorização e, por outro lado, a crítica enquanto prática. Alinhando-se ao pensamento freireano, contrariamente, buscam-se subsídios teórico-práticos para demarcar a perspectiva crítica como constitutiva do processo dialético de ação e reflexão, a partir da opção teórico-metodológico que a reposicione como instrumento de libertação dos sujeitos locais de contextos educativos em que prevalecem relações de dominação e submissão, bem como ações educativo-institucionais mediadas por lógicas de exclusão, vitimização e culpabilização (Guzzo & Ribeiro, 2019; Patto, 2015). Em uma sociedade capitalista/neoliberal, alicerçada nas bases socioeconômicas e patriarcais de poder, pelo racismo estrutural e pela cultura ocidental/colonial, o conhecimento crítico da realidade é um instrumento importante para desvelamento das relações de opressão e das condições de poder que fundamentam as instituições sociais, como a exemplo das escolas públicas. Entretanto, tal posição crítica não é suficiente, por si só, para materializar mudanças na situação de opressão e criar condições de libertação dos sujeitos das mesmas, sendo necessário o engajamento político dos sujeitos com vistas à transformação das condições de opressão (Freire, 2007, 2021). Como resposta a tal problemática, pretende-se resgatar a defesa teórico-prática do mestre dialógico pela criação de uma educação libertadora em que a reflexão crítica e problematizadora desmonte a reprodução submissa/inautêntica/opressora de ações educativas politicamente desiguais (Freire & Faundez, 2011; Freire, 2021). Com isso, objetiva-se avançar no processo de crítica em psicologia escolar, envolvendo-se de maneira ético-política com o exercício de invenção de pressupostos teórico-práticas condizentes com as demandas da escola pública brasileira e com as necessidades dos sujeitos escolares, perspectivando possibilidade de emancipação humana (Viégas, Harayama, & Souza, 2015). Não obstante, revelar-se-á as contradições que a atuação crítica das(os) psicólogas(os) escolares imprime na sociedade brasileira, na qual é comum a fácil apropriação de discursos científicos que adentram a vida diária dos estabelecimentos educacionais na promessa de mudanças, os quais - acabam estagnados aí, sem propostas efetivas e distanciadas da realidade escolar - mantêm-se no dito, no que “poderá ser”, quando, na verdade, no “estar sendo” nada mudou; o mero discurso que mudou, agora sob novas roupagens técnico-científicas (Brasil, 2012; Patto, 2015). Objetivo. Nossa pesquisa tem como objetivo geral produzir uma prática teórica em que a postura crítica da psicologia na escola pública dialogue com a alternativa freireana de uma ação educativa libertadora. Especificamente, objetiva-se (a) problematizar o sentido conceitual e histórico da perspectiva crítica em PEE; (b) reposicionar a atuação crítica em PEE frente às necessidades concretas da escola pública; (c) buscar na vida e obra de Paulo Freire as categorias teórico-práticas possíveis à materialização da atuação crítica como prática da liberdade; e, por último, (d) construir uma cartilha educativo-pedagógica para as psicólogas escolares e demais trabalhadoras da educação. Método. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo teórico-argumentativa, com delineamento bibliográfico, fundamentando-se no materialismo histórico dialético (Gil, 2008, 2010; Paulo Netto, 2011). Os procedimentos/instrumentos de coleta e organização do material bibliográfico, dividem-se em (a) busca das fontes, a qual compreende produções que se debruçaram sobre o pensamento crítico em PEE; sobre a prática da psicologia na escola pública, tanto quanto dos livros sobre a vida/obra de Paulo Freire, incluindo seus leitores//interpretes, tomando a obra clássica Pedagogia do Oprimido (2021) como inspiração e ponto de partida para demais obras autorais e dialogadas; b) leitura do material e produção de “fichas de apontamentos”; e, (c) organização lógica do assunto. Com a síntese de todos os registros realizados, tanto do material bibliográfico coletado como das fichas de apontamentos, realizar-se-á uma análise materialista dialética em consonância com os objetivos da pesquisa. Para tanto, pretende-se tomar como dispositivo analítico os pressupostos teórico-metodológicos postulados pelo filósofo tcheco Karel Kosik (2002) em sua obra clássica Dialética do Concreto (2002), na qual problematiza a ideia de práxis na filosofia marxista, sustentando-a por meio do seu caráter criador, dialético e ativo. Nossa busca pela produção de uma prática teórica em PEE, enriquecer-se-á com as contribuições filosóficas de Kosik, entendendo, por fim, que o próprio P. Freire já revela uma leitura dialética em sua postura político-pedagógica em relação às questões educacionais. Encaminhamentos para os Resultados. Acreditamos, por fim, que os resultados se sustentarão nos seguintes possíveis eixos de análise: (a) A crítica como práxis autêntica; isto é, o anuncio da perspectiva crítica em Psicologia Escolar e Educacional como prática da libertação deve-se fundamentar na unidade dialética crítica-libertação, e, situar-se concretamente como práxis autêntica, como prática crítica que não dicotomize o agir/pensar dos sujeitos locais, a qual revele-se concretamente como unidade dialética de ação/reflexão. Por outro lado, (b) Dialética da libertação: a defesa de princípios mobilizadores na prática crítica da PEE; espera-se que o desenvolvimento da prática teórica esteja mediada, dialeticamente, pelo que conceituaremos de Princípios Mobilizadores, os quais unificam duas dimensões, a saber: o(s) princípio(s) guarda(m) em si a aposta e inspiração em um trabalho de começos (Kohan, 2019), isto é, mesmo não sendo possível antecipar o “amanhã”, é possível construí-lo hoje, inadiável e esperançosamente, iniciando práticas concretas de transformação; por outro, “molhados” pela crença freireana de que a história é um processo dinâmico - sendo feita e refeita por homens, mulheres e crianças, bem como fazendo-lhes e refazendo-lhes dialeticamente -, não poderíamos entender aqueles princípios como processos estanques, estáticos, imóveis, pelo contrário, acreditamos que é necessário alimentá-los de vida, movimentá-los como processos inacabados, mobilizá-los como princípios que só têm sentido quando inseridos e confrontados com as dimensões histórica, política, social e cultural que emergem no cotidiano da vida humana, no caso da presente pesquisa, na vida que pulsa no cotidiano das escolas públicas brasileiras.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1859186 - FAUSTON NEGREIROS
Externo à Instituição - ISABELLE PATRICIÁ FREITAS SOARES CHARIGLIONE - UnB
Interno - 2441003 - RAQUEL PEREIRA BELO
Notícia cadastrada em: 30/11/2022 18:11
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | © UFRN | sigjb17.ufpi.br.instancia1 07/11/2024 15:58